Rio - Quem disse que madeira só dá em árvore? Imagine um produto que parece madeira, imita seus diversos tons, pode receber prego e parafuso e tem a mesma resistência e durabilidade, mas não derruba nenhuma árvore e ainda ajuda a limpar o planeta. A ‘madeira plástica’, tecnologia 100% nacional, transforma embalagens de polietileno de alta densidade em um composto que é ‘pau para toda obra’. Um quilo de resíduo vira um quilo de madeira biossintética. Ou seja, no processo, tudo é aproveitado.
Atualmente, a madeira sintética é utilizada na fabricação de uma infinidade de produtos, de carroceria de caminhão a dormentes de linhas de trem, além de móveis e projetos paisagísticos. Toneladas de resíduos são usadas todos os dias para a fabricação, como embalagens de sabão líquido, potes de xampu e outros recipientes.
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A Associação de Surfistas e Amigos da Prainha já é um modelo de parque natural que usa a madeira plástica. Aliás, é a única praia do Rio que ganhou a Bandeira Azul, selo internacional que atesta o cuidado com o meio ambiente e a sustentabilidade de orlas e marinas. Foi a partir da ideia de ganhar este certificado que a Associação aderiu ao uso dos objetos biossintéticos. Foram construídos corrimões de acesso, placas de informação, revestimento dos banheiros, brinquedos e fraldário.
O subsecretário municipal de Meio Ambiente, Altamirando Moraes, conta que o uso do material coloca a Prainha como referência de sustentabilidade ambiental. “O uso substitui a madeira comum. Além disso, o plástico, que iria para o lixo, está sendo reaproveitado”, contou. Ele ainda ressalta que 700 quilos de madeira biossintética preservam uma árvore.
O projeto do parque natural da Prainha foi elaborado pela Ecoplace, companhia especializada em madeira plástica. Amélia Portela, especialista e arquiteta da empresa, estima que foram utilizadas pelo menos 40 toneladas de resíduos para a construção do complexo.
Meio século de vida
A madeira plástica dura cerca de 50 anos e não necessita de manutenção. O material impressiona pela semelhança com a madeira original. Além disso, não enferruja, não precisa ser pintada e não solta farpas, o que garante maior durabilidade e mais segurança para crianças. E não é atingida por pragas, como cupins, nem por fungos. Deste modo, o material é reintegrado ao ciclo industrial, reduzindo o acúmulo de resíduos nos centros urbanos.
Desde 2009, com a produção de escorregas, a Comlurb está usando a madeira plástica em fraldários e brinquedos instalados em várias praças da cidade que foram revitalizadas. Também são produzidos equipamentos para ginástica, mesas e cadeiras. O Parque Nacional da Tijuca conta com cerca de 100 placas de sinalização para orientar os visitantes e frequentadores.
Em números, 100 metros quadrados de madeira biossintética equivalem a 2,5 toneladas de resíduos aproveitados e a preservação de quatro ou cinco pés de Ipê.
Amélia ressalta que não é apenas do lixo urbano que é produzida a madeira ambiental. “Existe um mito com relação a isto. É necessário um fornecimento de material em escala, que só a indústria consegue atender. Nossos fornecedores são fabricantes de fraldas, roupas e tapetes, que descartariam estes materiais”, afirmou.