Por nara.boechat

Rio - Mais do que embelezar centros urbanos, dar sombra refrescante em dias de calor e ser morada de animais, as árvores ajudam a controlar enchentes, regular o clima e... salvar vidas humanas. Pesquisa realizada nos Estados Unidos indicou que elas evitam a morte de pelo menos uma pessoa por ano. Segundo o estudo — feito em 10 cidades pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos, em parceria com o Instituto Davey —, parques florestais reduzem a poluição e aumentam a qualidade de vida na cidade.

As árvores, registraram os cientistas, auxiliam no controle de partículas tóxicas que podem causar danos pulmonares e cardíacos. O resultado em Nova York, uma das cidades pesquisadas, onde o nível de poluentes é maior, comprovou o benefício das áreas verdes: o número de vidas salvas subiu para oito por ano.

João Matheus%2C 8 anos%3A feliz por morar perto da Floresta da Tijuca%2C a mais visitada do RioFernando Souza / Agência O Dia

De acordo com o pneumologista Luiz Roberto Fernandes, a vegetação absorve a água da chuva e aumenta a umidade do ar, que funciona como um filtro para a poluição. “Em áreas verdes, respira-se menos partículas tóxicas”, diz.

A constatação não chega a ser novidade para muitos cariocas. Há dois anos a família de João Matheus Rizzo, 8 anos, trocou o Grajaú por uma área residencial no Parque Nacional da Tijuca, mudança que refletiu em sua qualidade de vida. “Aqui é silencioso e não faz tanto calor, além de termos muito contato com a natureza”, comparou o garoto, garantindo não ter vonta-de de trocar a região por qualquer área urbana. Melhor para ele: sua faixa etária é uma das mais prejudicadas pela poluição. “Crianças e idosos têm a imunidade muito prejudicada, o que torna uma doença respiratória ainda mais grave”, explica Luiz Roberto. Pessoas que já sofrem de problemas como bronquite, asma e enfisema pulmonar também são alvos, o que não diminui as chances de estas doenças afetarem indivíduos saudáveis expostos às toxinas urbanas.

Além da saúde

As áreas verdes não beneficiam apenas a qualidade do ar, mas todo o meio ambiente. “A floresta é responsável pela manutenção de mananciais hídricos, controle de erosão, amenização de enchentes e regulação climática local”, lista a bióloga Katyucha Von Kossel, do Parque da Tijuca, lembrando ainda da contribuição da reserva à paisagem da capital fluminense. Para garantir a conservação da área, a especialista conta que uma equipe realiza trabalhos específicos para controlar espécies exóticas, diferenciais no equilíbrio da biodiversidade na região.

Principais áreas verdes do Rio

PARQUE DA TIJUCA
Unidade de conservação que abriga trilhas, grutas e cachoeiras. Inclui a Pedra da Gávea e o Maciço da Tijuca. Estrada da Cascatinha 850, Alto da Boa Vista.

PEDRA BRANCA
O parque estadual da Zona Oeste é um dos maiores do mundo e abriga o ponto mais alto do município. Estrada do Pau da Fome 4002, Jacarepaguá.

ATERRO DO FLAMENGO
Tem como principal característica a diversidade de suas espécies. O parque municipal se estende do Aeroporto Santos Dumont, no Centro, à Praia de Botafogo, na Zona Sul.

QUINTA DA BOA VISTA
São 155 metros quadrados de área verde. Ainda abriga museus e o Jardim Zoológico do Rio de Janeiro. Avenida Pedro II s/n, São Cristóvão.

JARDIM BOTÂNICO
Mais de 6 mil espécies de plantas, algumas em extinção, podem ser encontradas entre os 54 hectares do local. Rua Jardim Botânico 1008, Jardim Botânico.

PARQUE MADUREIRA
Inaugurado em 2012, o espaço conta com 103,5 mil metros quadrados de área verde. A prefeitura, que administra o espaço, já planeja expansão. Rua Soares Caldeira 115, Madureira.

Trilhas são alternativa para fugir do estresse da cidade

O autônomo Fábio Rael, 40 anos, dedica os dias de folga às trilhas desde a adolescência. Para o morador de Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, o contato com a natureza é uma oportunidade de fugir da rotina da cidade. “Não tem estresse, trânsito ou qualquer coisa para atrapalhar. Saímos completamente da loucura do dia a dia”, disse, ressaltando as vantagens do hobby.

Além de se dedicar às caminhadas em reservas florestais, há sete anos ele e os amigos criaram o movimento SOS Trilhas, que promove mutirões de limpeza em parques ecológicos.

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