Por thiago.antunes

Rio - Nada de tintas e pincéis. Cada quadro do artista plástico carioca Alfredo Borret é elaborado com centenas de tampinhas de garrafas de cerveja ou refrigerante. Uma obra como as que estão nas fotos faz com que cerca de 700 tampas de metal deixem de ir para o lixo ou, o que seria pior, para as ruas e a natureza.

“Trabalho com um tipo de resíduo que está fora do radar da reciclagem. Após ver as pequenas tampinhas transformadas em arte, as pessoas despertam para um novo jeito de pensar esse tipo de lixo. Precisamos mudar nossos hábitos e a forma como vivemos e interagimos com o Meio Ambiente. Gastamos muito dinheiro com a limpeza urbana e grande parte desses recursos poderia ser aplicada em outras áreas, como Saúde e Educação. Despertar um olhar mais consciente para os resíduos sólidos é o grande objetivo”, afirma Alfredo.

A natureza agradece

O artista se dedica desde 2007 à reciclagem artística das tampinhas — material que levaria 100 anos para se decompor na natureza. Começou fazendo imãs de geladeira, que distribuía gratuitamente a turistas e estudantes, com pequenas imagens de paisagens do Rio de Janeiro coladas dentro das tampinhas. A partir de 2012, passou também a transformar as tampas em grandes telas.

Alfredo já retirou milhares de tampas de metal das ruas do RioRonieri Aguiar / Agência O Dia

Desde então, já produziu 20 quadros, retirando das ruas e reaproveitando em torno de 15 mil tampinhas metálicas. Para fazer suas obras, Alfredo usa uma técnica engenhosa. Primeiro, imprime a imagem num papel. Em seguida, com um compasso, desenha no verso do papel vários círculos com o diâmetro de uma tampinha de metal.

O próximo passo é recortar cada bolinha. E, por fim, colar cada uma dentro de uma tampinha e montar o ‘quebra-cabeça’. Um quadro leva cerca de 15 dias para ficar pronto. Ano que vem, ele fará sua primeira exposição no Galpão das Artes Urbanas da Comlurb, na Gávea, espaço consagrado para os artistas da reciclagem.

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