Rio - Dores na coluna, nas articulações, lesões e estresse estão no topo da lista das doenças do trabalho que mais afastam funcionários de suas atividades. A maioria das enfermidades seria em decorrência da postura inadequada durante o expediente. De acordo com o Ministério da Previdência Social, 180.063 auxílios-doença foram concedidos apenas em novembro de 2013.
Somado ao estresse, a performance do trabalhador está diretamente ligada à saúde, na visão de especialistas em Recursos Humanos e na área médica. Eles dão dicas básicas de como se prevenir e conseguir levar uma vida mais saudável no ambiente diário de trabalho.
“Uma pessoa saudável e bem consigo mesma produz mais, enquanto um funcionário mal alocado e com problemas posturais tem um rendimento abaixo do esperado”, observa o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ), Paulo Sardinha.
Segundo o especialista em coluna vertebral do Hospitalys Ortopedia, Deusdeth Gomes do Nascimento, as longas horas de trabalho, em pé ou sentado, aliadas a vícios posturais, podem ser causadoras de muitos problemas físicos enfrentados por trabalhadores como lesões na região lombar, hipercifose (corcunda), tendinite, dor de cabeça, escoliose e hérnia de disco.
Dicas
Para ele, um funcionário que permanece em uma posição por muitas horas e não faz alongamento ou correção postural está propício a ter sérios problemas físicos. O médico relata que quem trabalha sentado deve levantar periodicamente. “Faça questão de buscar papel na impressora ou ir beber água. Tudo que puder, faça em pé. E quem trabalha em pé deve fazer intervalos para sentar depois de muito tempo em pé”, aconselha o especialista em coluna.
Nascimento alerta que é preciso ficar atento à altura dos olhos em relação à tela do computador. “Os olhos devem alcançar a tela sem que você precise abaixar ou levantar o pescoço”, orienta. Outra dica do médico é sobre a mesa e a cadeira. “O nível ideal é quando os antebraços estão apoiados sobre a mesa ou o teclado do computador sem ficar muito encolhidos, ou muito distantes”, explica.
O presidente da ABRH-RJ, Paulo Sardinha, lembra que a empresa é responsável pela saúde do seu empregado. “Afinal, ela é diretamente afetada em casos de afastamento”.
Trabalhar no que gosta, ter atividade física e manter hobby são boas dicas
Autor do livro Estresse Ocupacional, da editora Elsevier, Henrique Veloso relata que quem conhece suas limitações e trabalha no que gosta tem menos propensão ao estresse. “O autoconhecimento é fundamental nesta hora. Se a pessoa, por exemplo, não sabe vender será um vendedor estressado, já que sofrerá para exercer o oficio. E como tudo indica que não renderá como deveria, seu grau de estresse acabará aumentado ao receber pressões para atingir metas”, exemplifica.
Veloso diz que a prática de atividade física e ter um hobby são formas de combater o estresse. “Uma pessoa bem fisicamente e de bem com a vida estará mais preparada para sofrer as pressões do trabalho”, analisa o especialista.
Paulo Sardinha, presidente da ABRH-RJ, comenta que nem sempre os sintomas do estresse podem ser identificados com muita facilidade. Segundo ele, falta de concentração, desânimo, tristeza, apatia, irritação, tensão muscular e queda no desempenho são algumas características de um funcionário ou ambiente de trabalho estressados.
“O primeiro passo para melhorar o ambiente estressado é aprender a identificá-lo. Saber se o estresse é causado pelo trabalho ou se vem de um ambiente externo, trazido pelo trabalhador”, explica Sardinha.