Por karilayn.areias


Rio - O cenário para o futuro se desenha catastrófico: seca , aumento da acidez do mar, comprometimento da agricultura, tendo como reflexo a alta no preço dos alimentos, e mortes por causa do aquecimento global. As mudanças climáticas que atingem o planeta são o tema de uma marcha que deve reunir um milhão de pessoas, no próximo domingo, em oito grandes metrópoles. Rio de Janeiro, Nova York, Berlim, Paris, Londres, Bogotá, Melbourne e Vancouver vão, pela primeira vez, se aliar num grande ato para pressionar as autoridades a adotar fontes de energia 100% limpas — ou seja, não poluentes — até 2050. O evento já tem a adesão de cerca de mil organizações de diversos setores. Será o maior encontro simultâneo de ativistas em prol do meio ambiente.

Nova York%2C nos Estados Unidos%2C é uma das cidades em que simpatizantes da causa estão se mobilizando para a marcha do próximo domingoDivulgação

A mobilização ocorre num momento crucial para o debate sobre as ações e soluções adotadas pelos governos, iniciativa privada e sociedade civil na questão climática do mundo. No dia 23, vai acontecer, na sede da ONU, em Nova York, a Cúpula de Líderes pelo Clima. A presidenta Dilma Rousseff é uma das convidadas. Durante a reunião, serão exibidas imagens das manifestações ocorridas nas oito cidades.

A expectativa é que, neste encontro, chefes de Estado anunciem medidas que ajudem na implementação de políticas para evitar que a temperatura global suba a média de 2 graus Celsius, em 40 anos, como está previsto num relatório da ONU, caso as emissões de gases do efeito estufa, como o CO2, continuem no estágio atual.

A Caminhada pelo Clima, no Rio, dia 21, promete reunir entre 20 mil e 50 mil pessoas. O evento está previsto para começar às 10h30, no Posto 8, em Ipanema, e terminar às 14h30. O Cristo Redentor vai entrar na onda ‘verde’ nesta semana. Serão projetados no monumento frases em quatro idiomas a favor do meio ambiente. O diretor de campanhas da Avaaz no Brasil, Michael Freitas Mohallem, afirmou que espera que a caminhada realmente pressione os líderes globais para tomar medidas emergenciais. “Esperamos medidas arrojadas vindas do encontro de Nova York, a partir da mobilização de tanta gente.”

Temperatura mais alta fará produção do café cair

Sabe aquele cafezinho que você bebe todos os dias? O aquecimento global, que parece tão distante da maioria das pessoas, pode torná-lo, se não muito mais caro ao longo dos anos, pelo menos um produto mais escasso na mesa dos brasileiros. Um estudo feito pelo professor da Unicamp, em São Paulo, Hilton Silveira Pinto, revela que a produção da nossa principal bebida da manhã cairá em 10%, nos próximos 20 anos, caso a temperatura do planeta continue subindo.

O comprometimento na safra atinge principalmente um tipo de café: o arábica. Menos resistente que o conilon, que é produzido no Espírito Santo, o arábica sofre mais com altas temperaturas. “Fizemos três séries de trabalho para estudar esse assunto. O último, no ano de 2012, foi feito a pedido do Banco Mundial. Foi através dele que tivemos a confirmação real de que devemos ter uma queda de produção devido ao excesso de calor no florescimento da planta”.

O Brasil é um dos maiores exportadores e produtores de café no mundo. Uma em cada dez xícaras de café bebidas no planeta são resultados de produção no país.
O sul de Minas Gerais e São Paulo são as regiões brasileiras onde há a maior plantação do arábica. De acordo com o professor, as previsões da ONU — de um possível aumento da temperatura global em dois graus, no período de 40 anos — poderia não apenas acabar com a produção do café, como também “com muita gente”. “A questão é que a média de aumento (da temperatura) provoca uma onda de calor, que causa problemas sérios para a humanidade. Isso seria um terror não apenas para a agricultura como para todo mundo”, afirmou Hilton.

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