Por felipe.martins

Rio - O acordo bilateral de compromissos contra o aquecimento global e o desmatamento anunciado semana passada por Brasil e Estados Unidos frustrou as expectativas de ambientalistas. Os dois países acertaram que, até o ano de 2030, vão aumentar em 20% a participação de fontes renováveis em suas matrizes energéticas – sem contar a produção de hidrelétricas. De sua parte, o governo brasileiro decidiu que vai reflorestar 12 milhões de hectares de áreas desmatadas nos próximos 15 anos. A presidenta Dilma Rousseff também prometeu zerar o desmatamento ilegal no mesmo prazo.

“É inaceitável que o compromisso mais ambicioso que a presidenta assume para proteção das florestas e combate às mudanças climáticas seja tentar cumprir a lei. Mas foi exatamente isso o que ela fez na aguardada reunião com o presidente Barack Obama em Washington (EUA): prometeu fazer o possível para combater o desmatamento ilegal no Brasil”, diz nota do Greenpeace.

Além disso, segundo a ONG, 12 milhões de hectares de florestas é metade do exigido pelo atual Código Florestal para zerar o passivo ambiental do Brasil.

DECISÃO ATRASADA

O Observatório do Clima — rede de organizações não governamentais que reúne 37 entidades da sociedade civil — saudou o compromisso assumido por Brasil e Estados Unidos em trabalhar juntos para um acordo na Conferência do Clima de Paris (COP 21), que será no fim do ano, mas considerou que a “demonstração de liderança por dois dos sete maiores emissores mundiais de gases do efeito estufa chega atrasada”. Segundo o Observatório, “todos os outros países tropicais já se comprometeram a zerar o desmatamento até 2030”, e a meta de restaurar 12 milhões de hectares em florestas “é um bom começo, especialmente para um país cuja maior cidade sofre falta d’água em parte causada pelo desmatamento”. No entanto, diz a rede, concordando com o Greenpeace, “o passivo a restaurar é duas vezes maior do que isso”.

 Energia nuclear segura e sustentável em pauta

Na Declaração Conjunta Brasil-Estados Unidos sobre Mudança do Clima, os dois presidentes afirmam reconhecer a necessidade de acelerar o emprego de energia renovável para ajudar a mover as economias e propuseram a adoção de “ações ambiciosas”.

O comunicado diz que as duas nações vão trabalhar em cooperação na geração de energia nuclear segura e sustentável. Além disso, também compartilharão experiências para criar resiliência aos impactos da mudança do clima em áreas como biodiversidade e ecossistemas, infraestrutura, recursos hídricos e produção agrícola e segurança alimentar.

Dilma e Obama se encontraram em Washington, na terça-feira, quando divulgaram o acordo bilateralEfe

Das 100 maiores empresas do país, 82% já adotam ações de mitigação ou de adaptação às mudanças climáticas, segundo pesquisa do Datafolha para o Observatório do Clima e o Greenpeace, feita de março e abril deste ano.

As iniciativas são variadas: vão desde soluções para reduzir o consumo de água e energia (apontadas por 40% das empresas) até ações para diminuição de poluentes (23%) e campanhas de educação e conscientização (12%).

“Muitas empresas adotam medidas para lidar com os desafios da mudança climática ou se preparam para adotar medidas para lidar com esses impactos e suas consequências, tal como a escassez de insumos como a água”, disse Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima.

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