Por thiago.antunes

Rio - Era abril de 2010 quando a chuva jogou no lixo a vida de 36 moradores do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. Algo precisava ser feito. Até que, em 2011, estudos de mapeamento de risco foram desenvolvidos na comunidade a fim de evitar mais tragédias.

Em março de 2013, era inaugurado o projeto ReciclAção que, por meio da coleta seletiva e da reciclagem de lixo, pretende educar a comunidade para evitar novas tragédias provocadas pelo acúmulo de lixo nas encostas. Hoje, a iniciativa é referência: em parceria com a Agência de Proteção Ambiental americana, a EPA, vai ser criado um mapa-base para a implementação de projetos como este em outras comunidades. Babilônia, Arará e Guararapes são algumas das interessadas.

Mais de 18 toneladas de lixo já foram recolhidas. Parte do material é reciclada e gera renda para comunidadeDivulgação

O ReciclAção atua por meio da educação ambiental que, aliada ao descarte correto do lixo e à reciclagem, busca conscientizar a população local. “A resposta é muito positiva. Há um desejo de morar em uma comunidade mais limpa”, observa a coordenadora da ONG, Cris dos Prazeres. O projeto organiza ações em creches, colégios e igrejas.

“Todos nós produzimos lixo, é algo que não tem classe social, raça ou religião”, completa. Mas a educação é a base da mobilização. Quanto mais atuamos na educação, mais as bags (bolsas) enchem”, destaca. Até o final do ano passado, 18 toneladas de lixo foram recolhidas. De janeiro a abril deste ano, foram 8 mil quilos.

Além da importância ecológica das medidas, que reduzem o acúmulo de lixo e o destinam ao lugar correto, os resíduos sólidos recolhidos nas 40 bags espalhadas pelo morro são vendidos a recicladoras. O dinheiro vira renda para apoiar a comunidade e o projeto, que funciona de modo sustentável. “É uma base muito forte de mudança cultural”, aponta Marcela Toguti, diretora do instituto BRF, parceira do ReciclAção.

Em 2015, membros do projeto foram à Filadélfia, nos Estados Unidos, conhecer empreendimentos parecidos. Foi quando nasceu o embrião do que viria a se tornar o mapa em parceria com a agência americana. Eis um motivo pelo qual o Morro dos Prazeres, palco de alguns tiroteios no começo deste ano, pode se orgulhar. “A favela também é capaz de produzir ideias preciosas”, afirma Cris. 

Reportagem do estagiário Caio Sartori

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