Por tabata.uchoa

Rio - Desde quando o governo federal anunciou a extinção de uma área de 47 mil km²— equivalente ao estado do Espírito Santo— na Amazônia, para exploração privada mineral, só se fala em Mata Atlântica. A região afetada fica entre o Amapá e Pará, mas a repercussão ultrapassou os estados e passou a ser até internacional. Após manifestações em várias cidades—só no Rio foram duas em uma semana—, e a mobilização de ONGs e artistas, o governo voltou atrás na última quinta-feira e suspendeu os efeitos do decreto para ouvir a sociedade nos próximos três meses. Mesmo com a recuada, a comoção popular vai continuar.

Murilo Rosa%2C Fernanda Tavares%2C Maria Gadu%2C Mart’nália%2C Mariana Ximenes e Dira Paes apoiam o projeto ‘342 Amazônia’. A modelo Gisele Bünchen%2C em vídeo%2C fez alertasDivulgação


No dia em que é celebrada a Amazônia, na próxima terça-feira, um encontro entre especialistas ambientais vai debater o desenvolvimento e o futuro da região. O evento, que contará também com representantes indígenas, será no Museu do Amanhã.
“A Amazônia virou comoção em todo lugar. As pessoas não aguentam mais ver tanto desmonte. Essa decisão atinge a todos os brasileiros porque a região é patrimônio de todo mundo”, declarou o diretor de políticas públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani.

MANIFESTAÇÕES
Para pressionar o governo a recuar na medida que extinguia a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), artistas brasileiros criaram o projeto ‘342 Amazônia’, que tomou as redes sociais. “Com a Amazônia não se brinca”, destacou o cantor Caetano Veloso, em vídeo publicado no site do projeto. “Precisamos evitar esse crime, antes que as catástrofes sejam chamadas de acidentes”, completou o cantor Paulinho Moska.
ONGs reforçam o coro com a criação de petições públicas online para alertar sobre os riscos do decreto. A ‘Juntos Pela Amazônia’, do Greenpeace, em duas semanas tinha mais de 330 mil assinaturas. O ‘Change.org’ também coleciona dezenas de abaixo-assinados pela continuação da Renca.

Artistas se juntaram à população na Cinelândia%2C quinta%2C em protestoDivulgação

O mesmo barulho da internet foi parar nas ruas. Na última quinta-feira, um protesto na Cinelândia, para protocolar uma ação popular na Justiça Federal contra a extinção da Renca, teve apoio de vários artistas, como a Christiane Torloni e Victor Fasano. No dia 25 de agosto, centenas de manifestantes estiveram na Praia de Ipanema. Para ambientalistas, o decreto abre precedente para crescimento desenfreado da região, além do risco de contaminação das águas devido a exploração mineral.

Medida tem repercussão internacional

Uma das precursoras pela defesa da Floresta Amazônica, a modelo Gisele Bündchen, gravou um vídeo na última quinta-feira, sobre a perda de parte da região amazônica. “Eu quero fazer algo agora, antes que seja tarde demais”, declarou. Dias antes, a modelo havia se posicionado contra o decreto federal. A repercussão teve destaque na imprensa internacional, como o espanhol ‘El País’ e os britânicos ‘The Guardian’ e ‘Daily Mail’.

Em defesa da extinção da Renca, o governo chegou a publicar dois decretos para exploração privada mineral— o último tinha ajustes para não afetar a população indígena. Na última semana, o caso foi parar na Justiça, com a suspensão de qualquer ato administrativo sobre o fim da Renca, pois o caso deveria ter autorização do Congresso.

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