Por clarissa.sardenberg

Rio - Raquel Pacheco, conhecida como Bruna Surfistinha, revelou que deixou preconceitos de lado e após experiência na Umbanda, virou filha de santo e médium na Casa de São Lázaro, na Zona Sul de São Paulo. Ela contou ao jornal "Folha de S. Paulo" que "se encontrou" na religião afro-brasileira logo depois de perder o pai, em 2011, com quem não falava desde que tinha optado pela vida de garota de programa.

Segundo Raquel, foi na Casa São Lázaro onde encontrou conforto e recomeço. Ela falou também sobre seu batismo, em 2013, e como foi "chamada" a desenvolver sua mediunidade. "Estava numa roda, quando caí no chão. (...) Incorporei na Pombagira. E foi uma experiência deliciosa. No começo de novembro, Seu Sete [uma das entidades que o médium responsável pelo local incorpora] me chamou e disse: Dona Raquel, está na hora de a senhora vestir o branco, entrar na corrente e fazer o desenvolvimento da sua mediunidade", revelou.

Raquel Pacheco%2C a Bruna Surfistinha%2C em festa de Iemanjá, em 2015Reprodução Facebook

"O terreiro é um dos poucos lugares que me sinto Raquel mesmo. Nas correntes, os médiuns nunca faltaram com respeito comigo. Nunca me trataram como Bruna. Sou Raquel desde o primeiro dia", falou, acrescentando que hoje valoriza mais a vida e ajudar o próximo. "Me faz muito bem ajudar e ver o processo de tratamento."

A jovem que atualmente trabalha como DJ diz que ainda, como muitos, enfrenta preconceitos. "Cuido de mim espiritualmente e não tenho vergonha de me assumir como umbandista. Tem gente que olha feio, outros são curiosos. Sei que o preconceito é muito grande, mas eu enfrento. Não é a primeira vez", afirmou Raquel.

Sonho previa morte do pai

"Eu tinha um pé atrás com a Umbanda, aquele preconceito de mexer com bicho, macumba. (...) Estava muito angustiada, precisava falar com um guia espiritual. Minha amiga me levou à gira [sessão espírita] de exu. E eu sempre tive pavor de exu. Morria de medo de Pombagira. Quando vi a corrente de médiuns, comecei a me emocionar, me arrepiei toda. Senti uma paz que há muito não sentia", revelou.

Ela havia procurado ajuda por causa de um sonho que tinha tido com a mãe e que acreditava indicar a morte de seu pai. No local, ela recebeu indicação do que fazer através de um exu mirim [entidade que se apresenta como criança]. "Tinha certeza de que tinha acontecido algo com meu pai. Ao mesmo tempo, me senti confortada, com uma sensação de 'aqui é o meu lugar'", disse.

Na verdade, o sonho havia ocorrido na data de enterro do pai, o que ela descobriu depois de ligar para sua mãe. No depoimento, ela revelou que a mãe prometeu procurá-la após o período de luto, mas que já se foram cinco anos e isso não aconteceu. "Sempre tive esperança de reencontrar meus pais, de pedir perdão", revelou.

Você pode gostar