Por rafael.souza

Brasília - Durante depoimento na manhã desta quinta-feira no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, o doleiro Leonardo Meirelles, sócio do também doleiro Alberto Yousseff, afirmou ter provas de que o lobista Júlio Camargo transferiu pelo menos US$ 5 milhões em propina para uma conta secreta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça. Na ocasião, Meirelles emprestou sua empresa para que Camargo fizesse os depósitos, segundo ele. 

O dinheiro seria pagamento pelo peemedebista ter ajudado empresas coreanas e japonesas a fecharem contratos de navios-sondas com a Petrobrás em 2006 e 2007. O doleiro depõe como testemunha de acusação no processo por quebra de decoro parlamentar contra Conselho de Ética da Casa. 'Eu ouvi de Youssef que o dinheiro iria para o Cunha', afirmou Leonardo Meireles. O presidente da Câmara nega. 

Doleiro Leonardo MeirellesLuiz Alves / Câmara dos Deputados

Meirelles faz parte do rol de testemunhas sugeridas pelo PSOL e Rede, partidos que apresentaram a representação contra o peemedebista no colegiado em outubro do ano passado, e que devem ser ouvidas na fase de instrução probatória (coleta de provas e depoimentos) do processo de Cunha. Essa fase começou em 22 de março e pode durar até 40 dias. 

Nessa quarta, em mais uma ação para tentar adiar a análise do processo, que se arrasta há mais de cinco meses, a defesa de Cunha ingressou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a oitiva de delatores da Operação Lava Jato arrolados como testemunha, entre eles Meirelles. 

Advogados de Cunha sustentaram que os delatores não poderiam contribuir com o objeto central do processo que analisa se o presidente da Câmara quebrou o decoro parlamentar ao, segundo a representação, mentir na CPI da Petrobrás que não possuía contas secretas no exterior. Dizem ainda que os delatores querem se "beneficiar" dos depoimentos.

Depois da fase da instrução, o relator terá até 10 sessões para apresentar seu parecer sugerindo uma punição a Cunha, que poderá ser o pedido de cassação. Se aprovado pelo Conselho de Ética, o relatório seguirá para o plenário da Câmara, onde deverá ser votado. Caso seja rejeitado, o processo será arquivado.

Acusação

Cunha é alvo de processo no Conselho e Ética sob acusação de ter mentido que não tinha contas secretas no exterior durante depoimento à CPI da Petrobrás na Câmara em 2015. Investigações da Operação Lava Jato, contudo, apontam que o peemedebista possui contas na Suíça que foram abastecidas por recursos desviados da petrolífera.

A defesa afirma que Cunha não mentiu na CPI da Petrobrás ao dizer que não tinha contas secretas no exterior. Os advogados afirmam que Cunha não possui contas em seu nome, mas, sim, offshores. Eles insistem que os valores que o presidente da Câmara tem no exterior foram transferidos para trustes no passado. 

Você pode gostar