Por rafael.souza

Nova York - Classificado como se fosse uma estrela de futebol e também como "SuperMoro", o juiz federal Sérgio Moro recebeu na noite dessa terça-feira homenagem da ‘Time’, revista americana, que o elegeu entre as cem personalidades "mais influentes do mundo”, em evento realizado em Nova York.

Sergio Moro e sua mulher Rosângela Wolff na festa da revista Time%2C em Nova YorkReprodução / Twitter

Ao chegar à cerimônia de homenagem, o juiz da Lava Jato declarou que ter seu nome na seleção “honra muito a instituição, o trabalho institucional”. Ele afirmou que ‘é reconhecimento também que o Brasil toma passos importantes na prevenção e no combate à corrupção. Nessa perspectiva acho muito positivo’.

Moro é o único brasileiro citado na relação deste ano, divulgada na quinta-feira. Ele está na categoria “Líderes”, ao lado de nomes como Barack Obama, François Hollande, Angela Merkel, Vladimir Putin e Kim Jong Un.

Segundo o texto que descreve o juiz paranaense, no Brasil ele é chamado de “SuperMoro” e tem o nome cantado nas ruas “como se fosse uma estrela de futebol”.

"Mas Sérgio Moro é apenas um juiz embora um que trabalhe num escândalo de corrupção tão grande que poderia derrubar uma presidente — e talvez mudar uma cultura de corrupção que há muito tem prejudicado o progresso de seu País. [...] Moro tem sido acusado de ignorar o devido processo legal, e ele tem estado mais do que disposto a avaliar seus casos no tribunal da opinião pública. Mas a maioria dos brasileiros sente que suas táticas de ‘cotovelos afiados’ valem a pena por um país mais limpo".

Recentemente, a revista “Fortune”, também dos EUA, apontou Moro como o “13º líder mais influente para transformar o mundo”.

A lista da “Time” não tem ordem definida. Além de Moro e dos líderes citados anteriormente, ela inclui figuras internacionais de peso, como Mark Zuckerberg, Usain Bolt, Leonardo DiCaprio e Papa Francisco.

Sérgio Moro é o responsável por julgar as ações penais em primeira instância da Operação Lava Jato, que tramitam na 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná. 

Delegado da PF revela dificuldades de manter o ritmo da Lava Jato

O delegado de Polícia Federal Filipe Hille Pace, que faz parte da equipe da Lava Jato no Paraná, afirmou em despacho do dia 6 de abril que a sucessiva deflagração de fases da operação, que já soma 28 etapas, "impossibilita a conclusão célere da análise de todo o material apreendido em fases pretéritas".

Para o delegado, também é inviável se estender por tempo indeterminado os inquéritos policiais "sob o pretexto de se aguardar a exaustiva e integral análise dos materiais apreendidos por ocasião de cada uma das fases da aludida operação policial".

As afirmações de Pace revelam as dificuldades, até estruturais, da intensa rotina de trabalho da equipe da Lava Jato para manter o passo das investigações em Curitiba.

O "desabafo" do delegado foi feito no âmbito de um inquérito que tem como alvos o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, já condenado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, e o lobista e ex-gerente da estatal João Augusto Resende Henriques, condenado a seis anos e oito meses de prisão pelos mesmos crimes, além de outros investigados. Os dois são apontados como cota do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras e que teriam sido "apadrinhados" pelo vice-presidente Michel Temer.

A investigação, que começou em setembro de 2015 para apurar as suspeitas de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas por parte dos investigados acabou revelando novas offshores, contratos de fachada e estratégias de ocultação de bens dos investigados envolvendo até familiares e conhecidos deles no Brasil, além de novos contratos da Petrobras nos quais teriam ocorrido pagamento de propinas de empresas internacionais.

Diante do grande volume de descobertas e indícios que podem levar a novos crimes, o delegado Filipe Pace apontou que "não há razoabilidade e possibilidade fática e humana a se apurar, no presente inquérito, todos os crimes que possam ter sido praticados pelos indiciados em desfavor da estatal brasileira".

Ele lembra ainda que há fatos envolvendo Zelada e Henriques ainda sob "investigações sigilosas e que novos fatos que vierem à tona vão dar origem a novos inquéritos, indicando que a investigação do núcleo do PMDB no esquema está longe de ser encerrada".

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