Por rafael.souza

Brasília - A presidente afastada Dilma Rousseff prepara uma carta de compromissos para um eventual "novo governo", caso consiga reverter o processo de impeachment no Senado. O documento será entregue às frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que lideram as manifestações contra o presidente em exercício Michel Temer, e vai indicar a intenção de uma guinada à esquerda, na direção contrária do que foi o segundo governo da petista.

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Presidente afastada Dilma RousseffPresidência da República

A carta, que ainda não tem título nem data para ser entregue, é uma reivindicação tanto dos movimentos sociais que integram as duas frentes quanto do núcleo próximo de Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, em diversas ocasiões, afirmou que a presidente afastada deve dizer claramente como e para quem vai governar se conseguir retomar o cargo.

Entre os pontos cobrados pelos movimentos sociais estão a garantia de uma política econômica com foco no crescimento econômico, manutenção dos programas sociais e geração de empregos, compromisso com a reforma política e a montagem de um ministério formado por notáveis e representantes dos setores que lutaram contra o impeachment.

O objetivo seria quebrar resistências de setores da esquerda que têm defendido a realização de novas eleições presidenciais ou por desconfiarem da capacidade de Dilma em criar condições mínimas de governabilidade ou porque ainda guardam ressentimentos em relação às escolhas da petista no segundo governo. Um petista chamou atenção para o detalhe de que o mote dos atos de hoje é "Fora Temer" em vez de "Volta Dilma".

Manifestação

Nesta sexta-feira, as duas frentes promovem uma série de atos contra o governo do PMDB em 40 cidades do Brasil e outras 16 dos EUA e Europa. O maior deles está marcado para a Avenida Paulista, em São Paulo. A expectativa é reunir 100 mil pessoas. Lula confirmou presença. A presidente afastada, que passou esta quinta-feira em Campinas e dormiu em São Paulo, chegou a incluir o ato em sua agenda, mas sua participação vai depender das condições de segurança.

"Temer não tem participado de atividades públicas porque sabe que será vaiado. Os atos de amanhã serão uma demonstração de que o povo não quer Temer", afirmou Raimundo Bonfim, da coordenação da Frente Brasil Popular.

Os organizadores também esperam a presença de grupos que se mobilizaram espontaneamente contra o impeachment de Dilma, além dos movimentos sociais. "Essas lutas e atos são o início da derrota do Temer", disse João Paulo Rodrigues, do MST.

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