Rio - Depois de três baixas em seu governo devido à Lava Jato, o presidente em exercício, Michel Temer, que evitar novas surpresas. Ele determinou nesta sexta-feira aos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que conversem com todos os integrantes do primeiro escalão sobre qualquer envolvimento nas investigações do esquema de corrupção na Petrobras. Temer busca blindar o governo. A ideia é que os principais auxiliares façam um “exame de consciência”.
Depois da delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, a preocupação agora no Palácio do Planalto é com a delação de Fábio Cleto, que era vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Cleto é afilhado político do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha.
Temer ficou irritado com a saída de Henrique Eduardo Alves do Ministério do Turismo. Ele estuda até extinguir a pasta, levando as atribuições para o Ministério do Esporte. Mas caso resolva manter a pasta, o presidente interino quer nomear alguém reconhecido pelo mercado de turismo. Seja qual for a solução, Temer avalia que não pode passar de semana que vem, já que esta é uma área fundamental durante as Olimpíadas, cuja abertura será no dia 5 de agosto.
CONTA
A Operação Lava Jato encontrou uma conta na Suíça do ex-ministro Henrique Alves. Os investigadores já encontraram um extrato da conta bancária da qual Henrique Alves é beneficiário e suspeitam que ela era usada para recebimento de propina no exterior. Para os investigadores, o caso de Henrique é semelhante ao de Eduardo Cunha, que também mantinha uma conta em uma instituição bancária suíça.
Henrique foi o terceiro ministro do governo interino de Temer a deixar o cargo após se envolver com a Lava-Jato. Antes dele, Romero Jucá saiu do Planejamento e Fabiano Silveira pediu demissão da Transparência após serem divulgadas gravações de Sérgio Machado.
Nos áudios, Jucá diz que era preciso “estancar essa sangria”, em relação ao avanço das investigações, e Silveira orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a não antecipar informações à procuradoria-geral da República.
Acordo para brecar as investigações
O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse aos investigadores da Lava Jato não haver dúvidas para ele de que havia uma iniciativa de muitos políticos para prejudicar a operação.
Nos diálogos gravados por Machado com integrantes da cúpula do PMDB, antes de o processo de impeachment de Dilma ser aberto pelo Congresso, foram tratada estratégias para barrar a Lava Jato.
Segundo Machado, o próprio senador Romero Jucá (PMDB-RR) teria lhe confidenciado “sobre tratativas com o PSDB nesse sentido facilitadas pelo receio de todos os políticos com as implicações da Operação Lava-Jato”. “Essas tratativas não se limitavam ao PSDB, pois quase todos os políticos estavam tratando disso”, revelou Machado, na delação.