Por rafael.nascimento

Curitiba - Em entrevista coletiva para detalhar a Operação Custo Brasil, que culminou com a prisão de Paulo Bernardo, ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff, a Polícia Federal e o Ministério Público destacaram que houve no âmbito do Ministério do Planejamento o direcionamento para contratar uma empresa de gerenciamento de empréstimos que abria mão de seu faturamento, ficando com 30% e repassou mais de 70% de seu faturamento líquido para outras empresas, mediante simulação de contratos de emissão de notas fiscais simuladas.

Operação Custo Brasil%2C desdobramento da 18ª fase da Operação Lava Jato%2C em BrasíliaReprodução / Globo News

Por meio do esquema, segundo a investigação, apenas Paulo Bernardo recebeu mais de R$ 7 milhões de propina relativos ao negócio e continuou a receber os pagamentos mesmo depois de ter deixado o cargo.

 Fábio Ejchel, superintendente da Receita Federal, informou que "a fraude ocorreu no gerenciamento e controle de crédito consignado para servidores públicos", explicando que "para cada parcela que os servidores pagavam, existia o pagamento de R$ 1 para o serviço de gerenciamento e controle. Uma boa parte disso era desviada para agentes públicos e partícipes da organização criminosa." 

A fraude, afirma Ejchel, chegou a mais de R$ 100 milhões. Cada parcela de empréstimo consignado, na verdade, deveria custar R$ 0,30, não R$ 1,00. 

O delegado regional de combate ao crime organizado, Rodrigo de Campos Costa, afirmou que o Serpro, da Receita Federal, administrava os empréstimos consignados para servidores, aposentados e pensionistas. Porém, em um momento, não conseguia mais administrar esses créditos e os bancos pediram que uma empresa fosse contratada para realizar a gestão. "É nesse momento que houve a fraude."

"Identificamos a participação de um ministro [Paulo Bernardo], que recebia através de um escritório de advocacia. Havia uma porcentagem que ele recebia, e outros funcionários também recebiam, através de empresas de fachada e lobistas", afirmou Costa. 

Campos afirmou ainda que "mesmo saindo do Ministério do Planejamento, ele [Paulo Bernardo] continua recebendo, quando estava no Ministério das Comunicações". Foram mais de R$ 7 milhões para o escritório de advocacia, que repassava ao então ministro.

Ejchel afirmou que "dezenas de milhares de funcionários públicos foram lesados" no esquema.

Campos afirmou que, por um período,Paulo Bernardo recebeu 9,5% do faturamento da Consist, mas houve uma queda do percentual ao longo do tempo, chegando a 2%. "Quando ele sai do ministério, caiu pela metade", afirmou o procurador da República Andrey Mendonça.

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