Por karilayn.areias

Rio - A desigualdade social é um mal que assola nosso país. E Ana Clara percebeu isso ainda pequena. A criança ficou perplexa quando viu um morador de rua passando frio e indagou o pai, Evandro Figueiredo: “Pai, coitado daquele homem, está muito frio para ele dormir na rua, vamos ter coragem de ir para casa comer pizza quentinha e deixar ele ali naquela calçada?!”. 

O caso aconteu no último dia 12 no bairo de Jardim Camburi, em Vitória, no Espírito Santo. "Aquela fala da minha filha foi um soco no meu estômago, como poderia ficar indiferente, como poderia não fazer nada (...)", disse.

Por causa do questionamento da menina, Evandro voltou para casa e pediu para esposa, Nicole Boldrini Moreira, pegar cobertores para os dois moradores que tinha visto. Entretanto, eles só tinham um cobertor em casa para doação. Devido ao número insulficiente de cobertas, Evandro resolveu fazer um post em seu perfil no Facebook contando a história de um dos moradores de rua que conheceu e pedindo doações. Rapidamente, seus vizinhos atenderam ao pedido e Evandro juntou seis cobertores.

"Como o povo de nosso bairro é muito generoso, em pouco mais de duas horas não consegui apenas um coberto, mas sim seis cobertores e algumas roupas de frio. Esquentei a feijoada que tínhamos almoçado naquele domingo e levei para aqueles dois moradores e ainda encontrei mais dois moradores que também consegui atender naquela noite fria", relatou ele em post publicado no Facebook.

Uma das roupas de cama foi destinada a Lucas, um menino de 18 anos que veio de São Paulo tentar a vida em Vitória (ES), mas por não ter conseguido emprego foi viver nas ruas. Porém, o mais surpreendente aconteceu uma semana depois.

Duas amigas de Evandro, Lays Nakamura e Michelle Trevisani, que trabalham distribuindo sopas e roupas para moradores de rua, encontraram Lucas. O menino não teve sorte nesse dia, pois as quentinhas já haviam acabado. Foi quando Lays e Michelle tiveram a ideia de levar Lucas a uma lanchonete em que Evandro estava com a família.  

“Estávamos nós lanchando, batendo papo e ouvindo um pouco mais da história de vida de Lucas, quando o amigo Tiago [dono do restaurante] perguntou para o jovem se ele não gostaria de trabalhar na lanchonete. Lucas aceitou na hora! Ele começou no dia 22 de junho", contou Evandro em seu post na rede social.

A sensação de está ajudando o próximo deixou Evandro mais feliz: "Essa história do Lucas faz tudo valer a pena, todas as inquietações que vieram em meu coração foram por terra e a partir daquele momento tive a certeza de estamos fazendo a coisa certa, estender a mão ao nosso irmão faz toda a diferença, acreditar no ser humano vale a pena" declarou.

E mais coisas boas ainda estão por vir para Lucas. Segundo Evandro, a família irá tentar conseguir uma bolsa em uma faculdade para que o Lucas possa seguir seu sonho e um dia ser um engenheiro. "Quem sabe alguém que leia essa publicação não possa nos ajudar, para Deus nada é impossível. Quando somos bons para os outros, somos ainda melhores para nós", finalizou Evandro. 

Leia o post de Evandro na íntegra: 

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