Por thiago.antunes

Brasília - Depois de pagarem R$ 31,5 milhões, os marqueteiros João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, deixaram ontem à tarde a prisão em Curitiba. João e Mônica atuaram na campanhas eleitorais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e da presidente afastada, Dilma Rousseff (2010 e 2014). Para o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, a prisão do casal não é mais necessária “ diante do avanço das ações penais contra eles e a colaboração de ambos em esclarecer os recebimentos de valores ilícitos”.

Na mesma decisão, Moro proibiu o casal de marqueteiros de atuar “direta ou indiretamente, inclusive por interposta pessoa”, em qualquer campanha eleitoral no Brasil “até nova deliberação do Juízo”. A fiança estipulada para Mônica foi de R$ 28,76 milhões. João Santana pagou R$ 2,76 milhões. Foi o maior valor de fiança arbitrada na Operação Lava Jato até aqui _ sem considerar as indenizações no caso de delação premiada.

Os R$ 31,5 milhões correspondem aos valores que já haviam sido bloqueados pela Justiça em suas contas correntes, segundo a decisão de Moro. Se forem condenados, o valor da fiança irá para os cofres da Petrobras ou para o Fundo Penitenciário, dependendo da decisão do juiz. Se forem absolvidos, o montante volta para os réus.

João Santana e Mônica foram presos em fevereiro sob suspeita de receber da empreiteira Odebrecht e do lobista Zwi Skornicki dinheiro desviado da Petrobras. O casal poderá ficar tanto em São Paulo ou em Salvador onde possuem residência declarada à Justiça. Eles não ficarão com tornozeleira eletrônica, mas estão proibidos de sair do país.

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro no dia 21 de julho, eles alegaram que os US$ 4,5 milhões recebidos em uma conta secreta do casal na Suíça seriam referentes a uma dívida de caixa 2 da campanha de Dilma Rousseff em 2010 e afirmaram que praticamente todas as campanhas eleitorais no País envolvem caixa 2 como uma “prática de mercado”. No despacho que determinou a soltura de Mônica, Sérgio Moro criticou o “álibi” do casal nas ações penais de que todas as campanhas envolvem caixa 2. 

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