Por thiago.antunes

Brasília - O deputado federal e Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), um dos mais votados do Estado, líder do partido na Câmara e potencial vice de Jair Bolsonaro na disputa presidencial de 2018 deve virar réu no Supremo Tribunal Federal em breve. Na segunda-feira chega oitiva da jovem Patrícia Lélis, de boletim de ocorrência lavrado na capital paulista ontem, na qual ela confirma a denúncia feita pela Coluna: agressão e assédio sexual dentro do apartamento funcional em Brasília.

Para agravar a situação, seu chefe de Gabinete, Talma Bauer, foi preso em flagrante ontem quando saía do hotel San Raphael, no Centro, onde mantinha em cárcere privado a jovem que acusara o parlamentar – e de onde ela gravava à força vídeos para tentar desmentir a Coluna.

As informações foram passadas pela própria Patrícia ao delegado chefe da 3ª DP (Campos Elísios), Luiz Alberto Hellmeister, ontem à tarde. A surpreendente reviravolta do caso, denunciado diariamente aqui no jornal desde a terça, teve script hollywoodiano – que envolveu ameaças de morte.

Para disfarçar que não estava sendo coagida – teve de entregar suas senhas das redes sociais além de gravar os vídeos – os asseclas de Feliciano aceitaram receber a mãe da garota, Maria Aparecida Lélis, na quinta-feira, logo após ela ser procurada por este repórter na terça para alertar sobre o misterioso desaparecimento da menina. À ocasião, a mãe revelou que ela havia pedido um número da conta CNPJ para um depósito – que acabou não acontecendo. Seria um ‘cala-boca’.

A surpreendente guinada de ontem é cercada de mistérios. Ainda não está claro como Patrícia e a mãe se livraram no hotel dos experientes homens de Bauer – ele próprio um policial civil aposentado. Consta, nos bastidores, que a mãe disse que precisava ir ao banco pegar dinheiro, e levou um cartão de telefone sem um dos homens perceber, e denunciou o cárcere à senadora Vanessa Grazziotin.

A parlamentar telefonou imediatamente para a Secretaria de direitos da Mulher de SP, e daí a Polícia Civil entrou no caso. Em poucas horas, não há ainda detalhes, Patrícia, a mãe e uma advogado se livraram de Bauer e estavam na 4ª DP, onde a jovem confirmou em oitiva tudo o que relatara à Coluna. Dali, o caso ganhou dimensão policial imediata a ponto de se tornar prioridade para a Polícia paulista.

Bauer foi preso após campana de três agentes numa rua próximo ao hotel. Até o fechamento desta Coluna, ele prestava depoimento ao delegado Hellmeister. Em conversa com a coluna, o delegado foi sucinto: “Temos que ter todo o cuidado neste momento, cuidado para os dois lados para não se fazer injustiça, e cautela”.

Talma Bauer foi gravado em áudio numa conversa com a jovem em Brasília há duas semanas ( ouça no canal da Coluna no Youtube ). No diálogo, Patrícia confirma as agressões que depois confidenciou a este repórter – motivo que abriu a série de reportagens da Coluna. Agora, com o áudio, o delegado enviará o caso para a PGR em Brasília, que deverá abrir inquérito contra Feliciano. Bauer seria liberado ontem à noite após prestar esclarecimentos à polícia.

Ontem, antes da reviravolta policial, a senadora Vanessa Grazziotin denunciara o caso ao MP do DF. E um grupo de deputadas federais levou a denúncia também à PGR. Feliciano será alvo de investigação em várias frentes.

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