Por clarissa.sardenberg

Brasília - Em pronunciamento incisivo após ser destituída do cargo de Presidente da República, Dilma Rousseff afirmou na tarde desta quarta-feira que não está dizendo "adeus" ao povo brasileiro e sim "até breve". "Hoje o senado federal tomou uma decisão que entra para história como uma grande injustiça. Não ascendem ao governo por voto direto. Apropriam-se do poder por meio do golpe de Estado. É o segundo golpe que enfrento na vida", afirmou ela. O pronunciamento foi feito no Palácio da Alvorada, entre aliados. 

Durante sua fala, Dilma deixou claro que a defesa irá realmente recorrer "em todas as instâncias possíveis" contra a decisão tomada por 61 votos a 20 no Congresso Nacional nesta quarta-feira. Em segunda votação, os senadores decidiram que Dilma não ficará proibida de exercer funções públicas por oito anos. 

Ela acrescentou que o golpe é contra todas a esferas sociais e falou a todos os brasileiros, mas dirigiu atenção especial àqueles que tiveram oportunidade de ascender durante seu mandato. "Falo aos brasileiros que deixaram, durante o meu governo, de ser invisíveis aos olhos da nação", afirmou, para em seguida pedir a todos que não desistam da luta.

Dilma mencionou que a ação que a removeu da Presidência foi também machista. Ela disse que as mulheres brasileiras do futuro saberão que a primeira mulher presidente do Brasil foi arrancada pela misoginia e machismo do comando do país.

Posse de Temer

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), irá convocar uma sessão do Congresso, a ser realizada na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira às 16h, para dar posse a Temer. A expectativa é de que seja uma cerimônia rápida, duas horas após a conclusão do julgamento, com a participação de ministros, parlamentares e outras autoridades.

A sessão que afastou Dilma teve início com Lewandowski apresentando considerações sobre acusação e defesa durante o processo. Em seguida, senadores fizeram questões de ordem antes da votação, que foi eletrônica, no painel, sem chamada nominal.

Ainda nesta quarta, ele participará de uma reunião com alguns de seus ministros, a fim de definir as prioridades de governo enquanto estiver na China, onde participará da reunião da Cúpula de Líderes do G-20, dias 4 e 5 de setembro.

Antes de iniciar a viagem, Michel Temer repassará, em caráter interino, o comando do país ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). De acordo com o Planalto, a cerimônia será rápida, protocolar e fechada à imprensa, na Base Aérea de Brasília.

“Cometeu a acusada, a senhora presidenta da República, Dilma Vana Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto à instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional, que lhe são imputados, e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo de oito anos?”, questionou Lewandowski.

Na última segunda-feira, em sua defesa, Dilma afirmou que não cometeu nenhum crime e que as acusações eram pretextos. "É por ter minha consciência absolutamente tranquila que venho e digo com a serenidade dos que nada têm a esconder que não cometi os crimes dos quais sou acusada injustamente", afirmou. "Viola-se a democracia e pune-se uma inocente. Estamos a um passo da concretização de um golpe de Estado", disse em outro momento.

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