Em dois anos e oito meses de investigações da força-tarefa, foram 250 denunciados em 54 ações penais e R$ 6,4 bilhões de propina identificados no esquema de formação de cartel, desvios e corrupção na Petrobras. Entre os suspeitos, 82 já foram condenados. A delação da maior empreiteira do país vai revelar a atuação de empresas, políticos, partidos e agentes públicos em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro em negócios com o governo federal ainda desconhecidos pela Justiça.
Delação da Odebrecht dobra ações da Lava Jato
Executivos da maior empreiteira do país vão revelar a atuação de empresas, políticos e agentes públicos em esquemas de corrupção e lavagem de dinheiro
Rio - Em fase de conclusão com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a delação premiada de executivos da Odebrecht vai dobrar o volume de trabalho da Operação Lava Jato. A avaliação é de investigadores, advogados e profissionais com acesso às negociações com a empreiteira. A estimativa se baseia no número de inquéritos, agentes, empresas sob suspeita e valores desviados.
Obras de aeroportos, rodovias, metrôs, usinas de energia, estádios da Copa, contratos, negócios com fundos de pensão e operações com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vão dar nova dimensão ao escândalo da Petrobrás, avaliam profissionais com acesso às negociações. Contratos da Petrobras em áreas que não tiveram aprofundamento nas investigações, como os de exploração e produção de petróleo e de gás natural, devem permanecer nos inquéritos de Curitiba, do juiz federal Sérgio Moro. São negócios citados nas tratativas da delação da Odebrecht.
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Outro setor que vai virar alvo das investigações é o de petroquímica. É o caso da Braskem, maior empresa da área na América Latina, formada em sociedade entre Odebrecht e Petrobras. Nos anexos apresentados pelos advogados da construtora, executivos confirmam que a Braskem foi uma das principais unidades do grupo a colocar dinheiro no caixa do Setor de Operações Estruturadas, o ‘departamento da propina’. Os delatores já confessaram que o setor funcionava no organograma da empreiteira para fazer lavagem de recursos, pagamento de propinas e caixa 2 para políticos e agentes públicos.
A mais longa e difícil das 70 delações da Lava Jato vai dar origem a investigações em outros estados. O jornal ‘O Estado de S. Paulo’ apurou que o conteúdo das revelações do presidente afastado do grupo, Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba desde junho do ano passado, e de seus subordinados na delação, confirma a tese da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o pagamento de propina na Petrobras foi ‘profissionalizada’ nos contratos assinados entre empresas e governo federal. Iniciada em março de 2014, a força-tarefa já mirou em negócios da Petrobras que somam R$ 200 bilhões.