Por lucas.cardoso
Brasília - A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou nesta segunda-feira, que a Polícia Federal (PF) encaminhe as gravações feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero em relação ao caso envolvendo o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Em depoimento à PF, Calero disse que o presidente Michel Temer o "enquadrou" para tentar resolver um impasse na liberação de um empreendimento imobiliário em área de patrimônio histórico de Salvador, onde Geddel comprou um apartamento. Ao deixar o cargo, Calero acusou o então secretário de Governo de pressioná-lo para liberar a construção.

A PF encaminhou o depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, por sua vez, repassou o caso à PGR. Cabe à Procuradoria fazer investigações de autoridades que possuem foro privilegiado - caso de ministros de Estado e do presidente da República. No material encaminhado aos procuradores, no entanto, não há menção às gravações feitas por Calero no caso, segundo fontes que acompanham o caso.

Temer e Calero na posse do ministro%2C em maio%3A o próprio presidente teria ficado ao lado de Geddel antes de receber o pedido de demissãoAgência Brasil

Nesta segunda-feira, a PGR enviou uma requisição à Polícia Federal para receber o material gravado. Os procuradores alegam que só podem decidir qual andamento darão ao caso após analisar todo o material existente. Além disso, nos bastidores, há um desconforto com o fato de a PF não ter compartilhado informações que podem influenciar a investigação de autoridades com foro privilegiado - uma atribuição da Procuradoria.

O material teria sido checado pela PF no último dia 19, mas ainda não foi encaminhado para a PGR, segundo delegados, porque a qualidade dos áudios é ruim e é preciso fazer um tratamento técnico nas gravações para averiguar se elas se referem ao que Calero relatou.
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No domingo, em entrevista à TV Globo, Calero confirmou que realizou gravações "por sugestão de alguns amigos da Polícia Federal". Segundo ele, há registro em áudio de uma conversa "protocolar" com o presidente Michel Temer. Ele disse que não poderia confirmar gravações de conversas com Geddel e com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O despacho para a PF foi assinado por José Bonifácio Borges de Andrade, vice de Rodrigo Janot e procurador-geral da República em exercício, já que o PGR está em viagem ao exterior.