Por tabata.uchoa

São Paulo - A morte de um ex-participante do reality show "Além do Peso" trouxe à tona uma discussão sobre os riscos da cirurgia bariátrica. Pedro Paulo Domingues, de 27 anos, mais conhecido como Pepê, morreu na terça-feira após complicações por conta do procedimento.

Pedro Paulo%2C o Pepê do reality Além do PesoReprodução Record TV

Após a cirurgia, Pepê foi para a UTI com suspeita de trombose. Segundo amigos do rapaz, ele estava com muitas dores nas pernas, dificuldade de respirar além da pressão arterial elevada e arritmia cardíaca.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, Dr. Caetano Marchesini, explica que "assim como todo procedimento cirúrgico a cirurgia bariátrica também apresenta riscos", mas ressalta que "o risco de morte em um procedimento como esse é pequeno".

"Atualmente o risco de morrer de um procedimento bariátrico é de 0,2 a 0,5% . Ou seja, dois a cinco casos de morte entre mil procedimentos. Infelizmente há uma falsa impressão que a cirurgia bariátrica é um procedimento perigoso, mas seus riscos são semelhantes ao de uma cirurgia de vesícula biliar ou uma cesariana. Cirurgias como trocas de próteses de quadril ou cirurgia cardíaca têm risco muito maior", garante o médico.

"Existe uma lista grande de exames que são feitos antes de uma cirurgia bariátrica. Além dos exames estes pacientes passam por avaliação clínica minuciosa. Avaliação psiquiátrica, nutricional e cardiológica. Quando detectado qualquer problema, medidas necessárias são tomadas", completou.

Maechesini também adverte que alguns critérios devem ser analisados antes de indicar o procedimento para um paciente. "A indicação cirúrgica deve ser decidida sob a análise de três critérios: IMC, idade e tempo da doença". 

A possibilidade de trombose venosa profunda, como se suspeita que tenha acontecido com Pepê, também é pequena. "É rotina na cirurgia bariátrica tomar medidas de prevenção à trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar. Apesar destas medidas, a incidência de fenômenos tromboembólicos após esta cirurgia é menor que 1%".

Critérios para a indicação de cirurgia bariátrica

Quanto ao IMC (Índice de Massa Corpórea)

• IMC acima de 40 kg/m²: pode ser feita independentemente da presença de comorbidades.

• IMC entre 35 e 40 kg/m²: pode ser feita na presença de comorbidades.

• IMC entre 30 e 35 kg/m²: pode ser feita na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença. É também obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um endocrinologista.

Em relação à idade

• Abaixo de 16 anos: exceto em caso de síndrome genética, quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por cirurgião e equipe multidisciplinar. A operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação.

• Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar e a recomendação do pediatra ou endocrinologista que vem acompanhando este jovem.

• Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade.

• Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento.




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