Por lucas.cardoso

Brasília - Antônio Fernandes Toninho Costa, demitido do cargo de presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) nesta sexta-feira, atacou o governo ao falar sobre as causas de sua saída e criticou a condução das políticas indigenistas pelo ministro da Justiça, Osmar Serraglio. "Hoje é o dia mais feliz da minha vida. Eu saio porque sou honesto, porque não me curvei e jamais me curvarei para fazer o malfeito", afirmou.

Toninho, que deixa o cargo após quatro meses, afirmou que sai da Funai por conta de ingerências políticas que sofreu neste período pela bancada ruralista liderada por Serraglio, além da "incompetência do governo, que abandonou a Funai e as causas indígenas".

Exoneração do presidente da Funai foi publicada nesta sexta-feira no Diário OficialReprodução Youtube

"Com toda certeza estarei sofrendo retaliações. Hoje o próprio governo afirmou que estou saindo por incompetência. Incompetência é a desse governo, que quebrou o País, que faz cortes de 44% no orçamento porque não teve competência de arrecadar recursos. Incompetência é a desse governo, que é incapaz de convocar os 220 concursados. Incompetência é a desse governo, que faz corte de funcionários e servidores da instituição", afirmou Toninho Costa.

O presidente exonerado da fundação convocou a imprensa para falar na portaria da Funai, em Brasília, sobre as causas de sua saída. "A minha exoneração é atribuída a fatores políticos. Há uma incompreensão por parte do Estado brasileiro de não entender o papel do presidente da Funai de executar as políticas indígenas. Isso deve ter contrariado alguns setores", disse. "São pessoas que não têm nenhum compromisso com as causas indígenas."

Toninho Costa disse que as ingerências políticas partiram inicialmente do líder do governo no Congresso, o deputado André Moura (PSC-SE), que, segundo ele, queria nomear pessoas sem nenhuma ligação com temas indígenas para ocupar cargos na instituição. "Eu não atendi e jamais atenderia, porque o meu compromisso é com as políticas indígenas e com o servidor."

"A situação do indígena brasileiro, com a atual política e o desenrolar do Ministério da Justiça, será de dias difíceis. Eu acredito que, se não houver um despertar do povo brasileiro diante do momento político que nós estamos passando, esse país vai passar por momentos difíceis, porque os índios jamais arredarão de deixar os seus direitos de serem defendidos."

Toninho Costa criticou a atuação de Osmar Serraglio, que, em sua avaliação, tem atuado para defender apenas os interesses da bancada ruralista, que ele representa. "O ministro Serraglio é um excelente deputado, mas ele não está sendo ministro da Justiça, porque ele está sendo ministro de uma causa que ele defende no parlamento", afirmou.

"O governo brasileiro não cumpre o que está escrito na Constituição com as populações indígenas. A Funai que foi esquecida pelo governo, não só por esse governo, mas também por governos anteriores, que deixaram a Funai numa situação caótica. Os povos indígenas precisam de um ministro que faça justiça e não de um ministro que venha pender para um lado. Isso não é papel de ministro. Vocês sabem muito bem o lado que ele defende "

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