Por thiago.antunes

Brasília - No dia seguinte ao depoimento do ex-presidente Lula ao juiz Sérgio Moro, da Lava Jato, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos integrantes da força-tarefa da operação, disse que “obrigatoriamente” o Ministério Público Federal vai pedir mais diligências (ações para coletas de provas) antes de apresentar as alegações finais no processo. Santos Lima disse que os procuradores ainda estavam definindo o conteúdo dos pedidos que fariam à Justiça.

O prosseguimento das investigações, que vai levar em conta o que foi declarado por Lula na audiência, provocaria um adiamento da sentença em primeira instância, a ser proferida por Moro. Até agora, a expectativa é de que a decisão saia entre o fim de junho e o início de julho.

Lula e Moro cara a cara . Imagem da audiência divulgada ontem mostra procuradores da Lava Jato ao lado do juizReprodução

Para Santos Lima, o depoimento de Lula não teve consistência e foi positivo para a acusação. “Infelizmente, as afirmações em relação a Dona Marisa a responsabilizando-a por tudo é um tanto triste de se ver feitas nesse momento até porque, como o ex-presidente disse, ela não está aí para se defender”, disse.

Outra reação veio da Federação Nacional dos Policiais Federais. O presidente da entidade, Luis Boudens, disse que pretende processar Lula por denunciação caluniosa. O motivo são as “insinuações” supostamente feitas pelo ex-presidente, de que teriam sido plantadas provas em seu apartamento quando policiais lá estiveram no dia em que foi conduzido coercitivamente. 

No trecho do depoimento a que a Fenapef se refere, Moro pergunta sobre um documento apreendido na casa de Lula e que se referia ao triplex que é alvo do processo. O ex-presidente, afirmando desconhecer o documento, diz que “talvez quem acusa saiba como foi parar lá”. Ao saber que o documento não tinha asinatura, o ex-presidente diz: “Então, se não tá assinado, doutor...”, e devolve os papéis a Moro, balançando a cabeça, negativamente.

O MPF disse nesta quinta que “todos os documentos que embasam a acusação, inclusive mostrados na audiência, constam nos autos” e que as afirmações de Lula foram feitas, “talvez, para confundir”.

iPads dos netos

Lula aproveitou a citação à condução coercitiva para um pedido inusitado. “Eu queria aproveitar, já que o senhor falou dessa coerção, determine que a Polícia Federal devolva os iPads dos meus netos. É uma vergonha, iPad de neto de 5 anos está desde março do ano passado”, reclamou. Moro afirmou que é “só pedir a restituição e será devolvido”.

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