Brasília - Uma nota do agora ex-advogado do ex-ministro Antonio Palocci confirmou: vem aí mais uma delação premiada no âmbito da Lava Jato capaz de provocar grandes estragos nos meios político e empresarial.
“O escritório José Roberto Batochio Advogados Associados deixa hoje o patrocínio da defesa de Antonio Palocci (...) em razão de o ex-ministro haver iniciado tratativas para celebração do pacto de delação premiada com a Força Tarefa Lava Jato”, disse a nota.
Palocci, preso desde setembro de 2016, teria comunicado a Batochio que a saída dele teria sido uma “primeira exigência” da força-tarefa da Lava Jato. O advogado sempre se posicionou contra a delação como estratégia de defesa.
Palocci foi peça-chave nos governos do PT, como ministro da Fazenda no mandato Lula e da Casa Civil na gestão de Dilma, tendo sido afastado dos dois cargos após envolvimento em escândalos.
Palocci teria recebido a promessa de que “muito em breve” poderia ganhar a liberdade. Em abril, ao ser interrogado por Sérgio Moro em ação na qual é acusado de receber, em seu nome e do PT, R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht, o ex-ministro chegou a oferecer ao juiz “nomes e operações” e “um caminho, talvez, que vá lhe dar mais um ano de trabalho”.
Quando o Supremo Tribunal Federal concedeu habeas corpus ao ex-ministro José Dirceu, no início do mês, Palocci parecia ter recuado na intenção de delatar, o que foi desmentido pela nota de Batochio. “Palocci não resistiu ao sofrimento psicológico que lhe foi imposto na Guantánamo meridional”, declarou o advogado, referindo-se a Curitiba. O especialista em delações Adriano Bretas assumiu a causa de Palocci.
Com as revelações das delações da Odebrecht, a situação de Palocci ficou ainda mais complicada. Por outro lado, tornou as informações supostamente detidas pelo ex-ministro mais valiosas. Marcelo Odebrecht afirmou que Palocci geria R$ 40 milhões de uma conta separada para “demandas que viessem de Lula”.