Por rodrigo.sampaio

Brasília - O presidente Michel Temer rebateu nesta quinta-feira, as críticas de encontros fora da agenda e tarde da noite no Palácio do Jaburu e disse, em entrevista ao jornal SBT Brasil, que conversa com quem "quiser, na hora que achar mais oportuna e onde quiser". O presidente foi perguntado especificamente sobre o encontro com a futura Procuradora-geral da Republica, Raquel Dogde, que esteve com o presidente no ultimo dia 8 no Jaburu fora da agenda.

Raquel substituirá Rodrigo Janot, considerado algoz do presidente após denunciá-lo por corrupção passiva. "O fato de eu conversar com você não significa que você vai me proteger", disse. Segundo Temer, é preciso "acabar com essa historia que você não poder conversar com as pessoas".

Michel Temer se incomodou com perguntas sobre encontros fora da agenda feitas durante entrevistaAFP

"Quem fala que dez horas da noite é tarde deve ser porque trabalha até as seis e acha que depois das seis ninguém pode trabalhar", disse. "O presidente da República trabalha permanentemente e ele não tem local de trabalho." Além do encontro com Raquel em agosto, outros encontros noturnos fora da agenda de Temer no Jaburu causaram polêmica.

Na noite de 7 de março, ele recebeu o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, que o gravou. Depois, noite do dia 6 deste mês, o presidente recebeu o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O encontro de Batista veio a público quando o empresário entregou a gravação da conversa com Temer para o Ministério Público, provocando a maior crise do atual governo. Assim como ocorreu no caso da visita de Raquel Dodge, a reunião de Temer com Mendes foi revelada por um cinegrafista que fazia plantão do lado de fora do palácio.

Na entrevista, Temer disse que o pior momento na crise política que o governo atravessa foi justamente quando veio a público a gravação de Joesley. "O mais chocante ainda foi que alardeou-se uma frase com a qual eu teria concordado, a frase seria a seguinte, 'olha, estou dando dinheiro lá para ex-deputado (Cunha).." e que eu teria dito 'mantenha isso'. Mas quando o áudio foi exposto, e tive acesso ao áudio, vi que a conversa era outra. Joesley disse Eu 'tô de bem com ele', eu disse, 'mantenha isso'", explicou. "Isso me chocou muito porque sua reputação moral que entra em pauta, entra em jogo."

Semipresidencialismo

O presidente disse também que acha que será um importante passo se o Brasil conseguir optar por um modelo de semipresidencialismo a partir de 2022 e que provavelmente haverá uma consulta a população por referendo.

Segundo ele, neste sistema, o presidente teria funções relevantes, mas delegaria a chefia de governo e administração ao primeiro-ministro. "Seria útil", disse Temer, explicando que o presidente seria o responsável pela escolha do primeiro-ministro "Vai depender muito do que o Congresso decidir. Se conseguirmos - ou melhor, se o congresso conseguir porque é uma Emenda Constitucional - para 2022 já é um passo num âmbito muito sério para o Brasil", disse.

Ao ser questionado se uma mudança deste porte exigiria algum tipo de consulta popular, Temer disse que o Congresso poderia decidir sozinho, mas ponderou que "talvez" seja "muito provável a necessidade de um referendo". "Eu acho que o Congresso tem a competência para definir por si próprio qual é o sistema que ele prefere para o Brasil. Mas é muito provável que nas discussões do parlamento se opte pela ideia de um referendo", afirmou. Indagado sobre sua opinião pessoal sobre o tema respondeu: "Eu acho talvez muito provável a necessidade de um referendo."

Nesta quinta, Temer conversou sobre o tema com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. Na conversa com Temer, foi abordada a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) apresentada pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, em 2016, quando o tucano estava no Senado.

Durante o Forum Estadão esta semana, Gilmar defendeu um regime "semipresidencialista" a partir de 2022 e disse que esse sistema de governo evitaria muitas das crises políticas que atingem o País hoje e traria responsabilidade maior ao Congresso Nacional

Eletrobras

O presidente disse ainda que o modelo da privatização da Eletrobras tem que ser analisado, mas que o objetivo é baratear a energia elétrica. "Acabamos de anunciar essa fórmula. A primeira ideia é que isso pode baratear a conta de energia elétrica. É a primeira ideia. Agora não temos dados concretos. Ninguém tem dados concretos para isso", disse. "A ideia é baratear, buscar modelo que não encareça, ao contrário, reduza o preço", completou.

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