Por rodrigo.sampaio
Santa Catarina - A Polícia Federal (PF), em trabalho com a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas da União, deflagrou nesta quinta-feira a "Operação Torre de Marfim", que tem como objetivo investigar irregularidades em aplicações de verbas públicas destinadas a projetos de pesquisa desenvolvido por Fundações de Apoio da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 
Operação da PF investiga fraude em verbas da UFSCDivulgação/PF

Segundo a PF, cerca de 90 policiais federais e servidores do TCU e da CGU cumprem 20 mandados judiciais, sendo 14 mandados de busca e apreensão e seis de condução coercitiva. As ações foram expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal em Florianópolis e estão sendo cumpridas na capital catarinense e na cidade de Balneário Camboriú. 

Ainda de acordo com a PF, esta é a segunda vez este ano que os negócios da instituição ficam sob suspeita. Em setembro, agentes da PF estiveram na Universidade, durante a "Operação Ouvidos Moucos", para apurar esquema que supostamente desviou recursos de cursos de Educação a Distância (EaD).
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As investigações da "Torre de Marfim" tiveram início em 2014 a partir de uma comunicação feita pelo gabinete da reitoria da UFSC. Instruída com nota técnica e relatórios elaborados pela CGU, o documento analisava aparentes irregularidades em projetos de pesquisa desenvolvidos com uso verbas públicas federais firmados em 2003 e 2004.
Segundo a PF, dentre as irregularidades, os investigadores encontraram indícios de contratações de serviços sem licitação prévia, pagamentos realizados a empresas pertencentes a gestores de projetos, que estariam vinculadas a servidores da Universidade ou das Fundações de Apoio e até mesmo pagamentos efetuados a empresas fantasmas.
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Dois dos servidores investigados teriam movimentado cerca de R$ 300 milhões em contratos na coordenação de projetos e convênios entre os anos de 2010 a 2017. Durante este período foram identificadas diversas irregularidades quanto à execução orçamentária apontando para o desvio de verbas públicas e para a prática de outros crimes licitatórios.

Também chamou atenção dos investigadores, de acordo com a PF, um contrato questionado pelo TCU, no qual um servidor aposentado da universidade, que também foi gestor do projeto e teve sua própria empresa contratada por cerca de R$ 20 milhões, sem licitação.

Os investigados responderão, na medida de suas participações, por crime licitatório, peculato, e lavagem de dinheiro, bem como por atos de improbidade administrativa.

A operação tem por objeto investigar um conjunto de irregularidades na administração de recursos educacionais com verbas federais. A PF informou que "antes de serem levadas à apreciação do Ministério Público e do Poder Judiciário, essas irregularidades foram auditadas pelos órgãos de controle CGU e TCU".

"As auditorias geraram recomendações solicitando a correção de práticas administrativas que poderiam levar ao mau uso do dinheiro público, o que não foi atendido pelos administradores", diz a nota.

A UFSC, segundo informações da CGU, é a entidade recordista em recomendações para correção de irregularidades no Estado de Santa Catarina, com cerca de 120 recomendações, quase o dobro do segundo colocado.