Eduardo Paes candidato ao Governo do Estado votou hoje cedo na Gavea Zona Sul do Rio,
Foto  Severino  Silva Agencia O Dia - Severino Silva
Eduardo Paes candidato ao Governo do Estado votou hoje cedo na Gavea Zona Sul do Rio, Foto Severino Silva Agencia O DiaSeverino Silva
Por WILSON AQUINO

Uma das maiores surpresas dessas eleições vem das urnas do Estado do Rio. O candidato do Partido Social Cristão (PSC) ao Governo, Wilson Witzel, teve votação avassaladora, ultrapassou os favoritos nas pesquisas e chegou na frente com folga no primeiro turno. Witzel somou mais de 3,1 milhões de votos (41,28%), cerca de 1,6 milhão a mais que o segundo colocado, o ex-prefeito Eduardo Paes, (DEM), que, pelas pesquisas, era o favorito disparado na corrida ao governo. Paes obteve 19,56% dos votos, cerca de 1,4 milhões de eleitores o escolheram. Witzel e Paes agora vão disputar o segundo turno. Como o número de votos brancos, nulos e abstenções foi de 4,6 milhões, semelhante à soma dos votos de Witzel e Paes, tudo indica que a disputa está em aberto.

Apesar de ser apontado como "zebra" da eleição, Witzel disse que esperava o resultado. "Eu não fiquei surpreso. Eu estava nas ruas, a população estava cada vez mais próxima, mais carinhosa", afirmou o candidato do PSC, em entrevista coletiva na Barra da Tijuca, na noite de ontem. Ele afirmou que as pesquisas precisam ser repensadas. "Porque não estão retratando a realidade". Segundo Witzel, o brasileiro é conhecido por fazer tudo na última hora. "As pessoas definiram seu candidato na reta final da campanha. Agora sabem quem é o Wilson". Na entrevista, Witzel reafirmou suas afinidades com o candidato à presidência Jair Bolsonaro. "As ideias são iguais. Bandido de fuzil será abatido", garantiu o candidato que também defende "escolas militares". Sobre o segundo turno, ele disse que "nossa aliança é com o povo do Rio de Janeiro". Witzel falou ainda que caso eleito, a investigação sobre a morte da vereadora Marielle Franco não será encarado como prioridade. "Será tratado como qualquer outro caso".

O candidato Eduardo Paes também deu entrevista após a apuração. Sobre o fato de ter conquistado metade dos votos de Wilson Witzel, o ex-prefeito do Rio se limitou a dizer que respeita a manifestação do eleitor, mas espera melhor performance no segundo turno. "Segundo turno é uma eleição que as coisas ficam mais claras, quem é quem. Permite que as pessoas possam saber quem são os candidatos, ouvir algumas propostas", afirmou o candidato do DEM. Paes lembrou que Witzel disputa uma eleição pela primeira vez. "Nós vamos apresentar aquilo que somos: as pessoas que realizaram onde estiveram, tanto eu quanto o vice Comte Bittencourt (PPS). Todo mundo sabe quem eu sou, de onde eu venho e quem eu sou, não sei se é o caso do meu adversário". O segundo turno acontece em 28 de outubro.

Outro resultado inesperado foi a colocação do candidato Romário de Faria (Podemos). O ex-jogador que sempre frequentou o bloco da frente das pesquisas amargou uma derrota histórica. Terminou a eleição com 8,75% dos votos, em quarto lugar, atrás do candidato Tarcísio Motta (Psol), que conquistou 10,75% dos votos. "É de comum acordo de todos que o fenômeno Bolsonaro foi importante para a subida do candidato Witzel", analisou Romário, após a apuração. Ele afirmou que perder faz parte da vida, independente do que está se disputando e que "o momento é de ficar tranquilo, refletir e voltar minha vida ao normal como senador".

Para o professor Geraldo Tadeu, presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS), o resultado das urnas no Rio pegou todo mundo de surpresa. "Mesmo pensando que poderia haver uma onda de mudança, não se esperava que fosse dessa envergadura, que o Wilson Witzel tivesse o dobro da votação do Eduardo Paes. É algo que ainda precisa ser decantado", afirmou o cientista político. Geraldo Tadeu avalia que as urnas acabaram refletindo o desencanto do eleitorado com os políticos tradicionais. "Havia no eleitor do Rio muita insatisfação com as ofertas de candidaturas, as pessoas tinham, a impressão que estavam diante de mais do mesmo: Paes, Romário, Indio da Costa, pessoas já tarimbadas no cenário político. E nas últimas semanas, após o debate da TV Globo, o juiz Witzel polarizou bastante. Foi muito agressivo no debate e, a partir daí e pela aliança que fez com Bolsonaro, se mostrou uma opção viável para aqueles que querem mudança, que querem algo realmente novo, e essa opção não estava no radar".

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