A cúpula do PSDB vai pressionar o senador Aécio Neves (MG) a se afastar do partido, mesmo que temporariamente. Uma das ideias em estudo para evitar a expulsão de Aécio, eleito deputado federal, é que ele peça uma licença partidária. Em conversas reservadas, dirigentes tucanos avaliam que, se ele não fizer isso, acabará sendo obrigado a deixar a sigla.
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A estratégia para evitar que a crise envolvendo Aécio aumente ainda mais o desgaste do PSDB foi discutida nesta terça-feira, quando a Polícia Federal e o Ministério Público cumpriram mandados de busca e apreensão em imóveis de Aécio, no Rio e em Minas.
Instalada pela PF, a Operação Ross investiga denúncia de que a JBS teria pago propina de R$ 128 milhões ao tucano e a seus aliados, de 2014 a 2017, tendo parte dessa cifra servido para alimentar a compra de apoio político na campanha eleitoral de quatro anos atrás.
As delações do empresário Joesley Batista e de outros executivos do grupo J&F também indicam o pagamento de uma "mesada" de R$ 50 mil ao senador. Aécio nega e diz não poder aceitar que "delações de criminosos confessos e suas versões se sobreponham aos fatos".
Conselho de Ética
Nos bastidores, deputados do PSDB asseguram que, se alguma representação contra Aécio der entrada no Conselho de Ética do partido, a tramitação será muito rápida e a expulsão, bastante provável porque os tucanos querem mostrar à sociedade que não compactuam com malfeitos.
O colegiado foi criado há menos de duas semanas e é presidido pelo deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), que foi secretário da Casa Civil do governo de Geraldo Alckmin em São Paulo.
Situação 'crítica'
Diante desse cenário de revolta na bancada do PSDB, aliados de Aécio propõem como alternativa a licença partidária para que ele possa se explicar, evitando mais uma "contaminação" da legenda. A situação do senador é considerada "crítica" até mesmo por seus amigos.
Desde as primeiras denúncias contra Aécio, que presidia o PSDB e foi obrigado a passar o bastão, no ano passado, o partido vem enfrentando um problema atrás do outro. Na esteira da crise, o ex-governador Alckmin, que comanda a legenda, perdeu a eleição para o Palácio do Planalto.