Por Leandro Mazzini

O ministro da Secretaria da Presidência, Gustavo Bebianno, está praticamente demitido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e não caiu na real. É essa a sensação entre aliados dentro e fora do Palácio. A indicação do presidente em dizer que ele mentiu ao citar contato, e o áudio divulgado pelo filho, vereador Carlos Bolsonaro, com um ‘fora’ do presidente para o ministro, foram o suficiente para indicar a porta de saída. Os Bolsonaro querem forçar a saída do ministro. Caso não saia, é passivo de demissão após o Carnaval. Bebianno usou o PSL durante a campanha como bem entendeu, e isso incomodou muito Bolsonaro e os filhos. Agora, ficou notório.

 

Pai & filho

 

O projeto de poder de Bebianno nunca foi bem visto por Carlos, um nome fora do governo, mas o filho e aliado mais próximo hoje do presidente. Ele e pai estão afinados

 

O cerne

 

Bebianno tentou controlar toda a direção do Patriota – executivas nacional e estaduais –como condicionante para Bolsonaro se lançar pelo partido. Mas foi impedido pelo presidente da legenda, Adilson Barroso, que relatou o episódio à época à Coluna.

 

Vai nessa

 

Bebianno partiu para o plano B, e conseguiu o cenário que precisava no PSL. Bolsonaro topou e deu-lhe poder, sem acompanhar de perto as negociações.

 

Agora, a conta

 

Com o PSL nas mãos, Bebianno iniciou articulações de candidaturas de senadores e governadores em todos os estados. Os Bolsonaro ficaram alheios à operação. Agora, a conta pode começar a aparecer: operações suspeitas de repasses de fundo eleitoral.

 

O defensor

 

Só o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, defende Bebianno dentro do Palácio. É ele quem convence líderes a defenderem Bebianno na mídia. Enquanto ele e Bebianno apontam ingerência desnecessária de Carlos no Governo, o núcleo militar e restante dos ministros já trabalha com hipótese de afastamento em algumas semanas.

 

Oposição pontual

 

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tem reunido a bancada mais de uma vez por semana. Combinaram de fazer uma ofensiva nas redes sociais ( ferramenta que alçou Bolsonaro ao estrelato). E que a oposição do PT não será grito geral, mas pontual. Em suma, não vão mirar a atirar em crises do Governo (como caso Bebianno), mas trabalhar contra projetos de Bolsonaro que possam prejudicar o social.

 

Trânsito sigiloso

 

Ex-governador da Bahia mas também ex-ministro da Defesa, o senador petista Jaques Wagner tem tido uma excelente interlocução com militares de alta patente do governo. Em especial com o almirante Bento Costa, ministro de Minas e Energia.

 

Fraude

 

O corregedor do Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), montou força-tarefa com servidores do gabinete, de outros departamentos e policiais legislativos para analisar imagens da sessão que elegeu o presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP). Vão investigar o milagre da mão boba: como notório, apareceram na urna 82 votos para 81 senadores. O caso pode dar cassação a senador caso constate que um deles votou duas vezes.

 

Lupa na tela

 

Na última terça-feira, Rocha recebeu mais de 11 mil fotos de vários ângulos do plenário do Senado. À Coluna, o tucano adianta que pretende concluir a análise das imagens nos próximos 15 dias. “São muitas horas de filmagens e milhares de fotos, mas pretendemos concluir essa etapa da apuração no curso deste mês”, afirma.

 

Continência

 

O ministro da Justiça, Sérgio Moro, pediu e deputados desistiram da pressão para tentar recriar o Ministério da Segurança Pública. O deputado Capitão Augusto (PR-SP), um dos principais interlocutores de Moro no Congresso, já até engavetou o texto da emenda que previa a recriação da pasta no bojo das discussões do pacote anticrime.

 

Mais do mesmo

 

Deputados da Frente Parlamentar da Segurança Pública – a tal ‘bancada da bala’ - vão apresentar vários projetos ao pacote anticrime de Moro, entre eles o que prevê a instalação (de novo?) de bloqueadores de celulares em presídios.

 

Minerações

 

O Ministério de Minas e Energia saiu em defesa de Mauricyo Correia, indicado para procurador da Agência Nacional de Mineração, que vai analisar os casos dos crimes da Samarco e da Vale sobre as barragens: é servidor público há 23 anos, membro da AGU e tem cargo na pasta desde 2010. A assessoria também nega que haja ligação dele com a Vale e com o Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Alexandre Vidigal. Está registrado.

 

 

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