Chico Alencar - Alexandre Brum / Agencia O Dia
Chico AlencarAlexandre Brum / Agencia O Dia
Por PAULO CAPPELLI

A Coluna entrevista hoje o deputado federal Chico Alencar, candidato do Psol ao Senado. Para ele, o Fla x Flu que se tornou a polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e o PT, agora por meio de Fernando Haddad, é "a mediocrização do bom debate democrático".

O DIA: Apesar de bons oradores, os psolistas Guilherme Boulos (candidato à Presidência) e Tarcísio Motta (governo do Rio) estão com um desempenho abaixo do esperado, segundo as pesquisas de intenção de voto. Por quê?

Essas são as eleições mais desiguais que eu já vivi. Houve uma redefinição do tempo de TV e rádio, que continua sendo o grande meio de massificação, para estrangular os pequenos partidos. Tanto que o Boulos tem 12 segundos; o Tarcísio, oito; e eu, sete. Nem fazendo, se possível fosse, um intensivão com o Dr. Enéas (do bordão "cinquenta e seis"). Outra desigualdade é a do fundo eleitoral: somas milionárias de dinheiro público repartidas de forma injusta. E tem o autofinanciamento das campanhas. O Meirelles (MDB), que disse para o Boulos que não é banqueiro, deve ser então o bancário mais rico do planeta.

Como vê essa espécie de Fla x Flu que se tornou a eleição à Presidência, polarizada entre Jair Bolsonaro (PSL) e o PT, agora por meio de Fernando Haddad?

Como uma mediocrização do bom debate democrático, como um apequenamento dos valores republicanos fundados na pluralidade. A nossa crise é de destino, de sentido sobre o que queremos ser como nação. O Bolsonaro, convalescendo daquele atentado criminoso, fala sobre a pena do seu agressor. Oferece soluções simples para problemas complexos. O Brasil precisa de alguém que formule mais. Por outro lado, o Haddad, que é muito inteligente e preparado, é tributário do Lula. Muita gente não o conhece. Até agora, ele é 'o indicado do Lula'.

Haddad é um 'poste'?

Não gosto dessa expressão, embora um poste possa ser muito útil, serve para iluminar. Torço para que o Haddad venha a ser um poste que ilumine a realidade sombria do Brasil.

Seus adversários ao Senado têm cabos eleitorais fortes. Cesar Maia (DEM) conta com o apoio de Eduardo Paes (DEM), líder nas pesquisas ao governo do Rio; Flávio Bolsonaro (PSL) tem o apoio do pai; e Lindbergh Farias (PT), o apoio de Lula/ Haddad. O mau desempenho do Psol à Presidência e ao Palácio Guanabara prejudica o senhor?

Creio que não. E acho muito bom sermos um partido sem tutores, sem pais, sem patronos. Não queria é que fôssemos tão sem tempo de televisão, sem dinheiro. Muitas pessoas só estão começando a se interessar pela eleição agora. Quando faço campanha na rua, muitos ficam surpresos achando que ainda sou candidato a deputado e não a senador. O que lamento é a falta de debates na mídia entre candidatos ao Senado. O papel de um senador é muito importante.

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