A marca Duna faz máscaras faciais à base de argila, chás e ervas - Duna Beleza Livre/Divulgação
A marca Duna faz máscaras faciais à base de argila, chás e ervasDuna Beleza Livre/Divulgação
Por ANGÉLICA FERNANDES

Rio - Da alimentação para a pele. O veganismo invadiu as linhas de cosméticos e se consolidou como tendência no mercado da beleza. Saem os produtos químicos e entram frutas e ingredientes vegetais. Sustentabilidade é o sobrenome dessa onda mais natural: em vez da embalagem de plástico, o protagonista é o vidro, que, além de garantir o reaproveitamento, polui menos. Teste em animal? Nem pensar. Na cultura Cruelty-Free (livre de crueldade), os produtos são analisados, por exemplo, em voluntários humanos, dentro de laboratórios e com o acompanhamento de médicos.

Estudo recente da Kantar Worldpanel, líder mundial em painéis de consumo, indica que 50% dos consumidores preferem produtos naturais, não poluentes. No Brasil, a principal motivação desse público (57,7%) se deve à preocupação com a natureza. Segundo a farmacêutica, cosmetóloga e diretora científica da Biotec Dermocosméticos, Mika Yamaguchi, cosméticos convencionais são derivados de matérias-primas insolúveis, que não se degradam com o contato com a água.

"Alguns silicones, por exemplo, ficam impregnados na natureza. Nos esfoliantes (convencionais), são usadas partículas de polietileno, que também são insolúveis e contaminam o ambiente. Nos produtos naturais, eles são substituídos por sementes de frutas", destacou Mika.

As frutas, aliás, são excelentes substitutas aos produtos químicos. A marca carioca Lola Cosmetics, que completa cinco anos no mercado varejista, usa e abusa delas em seus produtos: da manga à banana. A combinação frutífera com manteigas vegetais, óleos essenciais e ceras, por exemplo, substituem os temidos parabenos, sulfatos, parafina e óleo mineral.

Outra marca que defende a bandeira vegana é a Duna, que utiliza café e açúcar mascavo nos esfoliantes e óleos vegetais e essenciais nos outros produtos para pele. "Um dos meus tópicos, que até a ayurveda fala disso, é não colocar no nosso corpo nada que a gente não colocasse na nossa boca. Não dá para comer esses produtos do supermercado (convencionais, de marcas tradicionais), pois nem sabemos os ingredientes que têm ali. E, teoricamente, nossos produtos podem ser comidos, não recomendo porque o gosto pode não ser incrível, mas é tudo natural", contou Paula Macedo de Azevedo, 32 anos, dona da marca.

Como no Brasil ainda não há regulamentação específica para cosméticos veganos, orgânicos e naturais, empresas do ramo buscam selos mundiais. A Lola já iniciou, em 2018, certificação em dois processos: da Cosmos/ Ecocert, que valida os ingredientes e processos de produção, e da Vegan Society, agência que atua no ramo desde 1944 por garantir a produção de qualidade e proteção dos consumidores veganos.

Reciclagem garantida

Se por dentro os cosméticos naturais são livres de produtos poluentes, por fora, nas embalagens, a preocupação com o meio ambiente se repete. Muitas marcas veganas utilizam o vidro, em vez do plástico. E o que todas têm em comum é a garantia da reciclagem.

Através do sistema de compensação, a Lola retira do meio ambiente a quantidade equivalente ao material produzido nas embalagens. Esse projeto, segundo a empresa, contribui para a expansão da operação de cooperativas de reciclagem.

A Duna usa papel reciclado na proteção do produto para transporte, em vez do plástico bolha.

Embora ainda não sejam tão presentes no mercado varejista, muitas marcas recorrem às redes sociais para conquistar sua clientela. "Passei a utilizar apenas cosmético natural depois que vi propagandas no Instagram. Eu me sinto mais atuante na defesa ao meio ambiente", disse a fisioterapeuta Bianca Costa, que consome desde shampoo vegano até hidrante corporal.

 

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