Lago em São José dos Campos (SP) foi despoluído por tecnologia da O2eco, que utiliza reprodução de bactérias para limpeza da água - DIVULGAÇÃO
Lago em São José dos Campos (SP) foi despoluído por tecnologia da O2eco, que utiliza reprodução de bactérias para limpeza da águaDIVULGAÇÃO
Por ANGÉLICA FERNANDES

Rio - Utilizada em 2017 nas consequências do desastre de Mariana, em Minas Gerais, a tecnologia de limpeza d'água que utiliza reprodução de bactérias pode ser recrutada novamente, dessa vez em Brumadinho. Responsável pelo sistema, a O2eco, startup que nasceu no Rio e se instalou como empresa em São Paulo, também tenta oferecer o serviço à Prefeitura do Rio, para despoluir lagoas.

O processo de limpeza acontece através de uma placa de parafina que viabiliza a reprodução exponencial de bactérias salutares — dez milhões de vezes a cada dez horas. Os materiais orgânicos presentes em rios e lagos são consumidos e as bactérias morrem por inanição, uma vez que a água é despoluída.

O serviço oferecido pelo empreendimento, que tem apenas dois anos de existência, com sede em São José dos Campos (SP), se enquadra em um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU. Segundo Luís Fernando Magalhães, um dos quatro sócios da O2eco, o sistema veio da Austrália, país onde ele morou por 13 anos, mas, hoje, já tem licença para fabricar o produto no Brasil. No entanto, as placas ainda são importadas da Oceania. Ao todo, 11 nações possuem o artefato.

"Usamos uma placa de cera com nanominerais para estimular a criação de bactérias saudáveis que ajudam na limpeza de lagos, rios e lagoas", explicou o empresário.

DOAÇÃO À PREFEITURA

"O meu sonho é despoluir a Lagoa Rodrigo de Freitas e o complexo lagunar da Barra da Tijuca", aspirou Magalhães. Recentemente, o empresário esteve na sede da Prefeitura do Rio para doar uma placa que pudesse ser utilizada na limpeza do canal na Rua General Garzon, próximo ao Clube Naval Piraquê, na Lagoa, "mas desisti da ideia por conta da burocracia excessiva", disse Luís. Em nota, a prefeitura informou que ele esteve no local errado, o correto seria ele procurar direto a Secretaria de Conservação e Meio Ambiente, que fica na Rua Maia de Lacerda, no Estácio.

Em Mariana, por exemplo, o procedimento de descontaminação foi positivo. A tecnologia da O2eco conseguiu reduzir o nível de alumínio derramado em torno de 57%, em cinco semanas. A vida útil das placas utilizadas no Rio Doce - atingido à época - é de até nove meses. Cada placa de 1 kg cobre 100 m³. Também são produzidas placas de 5 kg. A tecnologia pode ser usada, inclusive, em estações de tratamento e no agronegócio. O procedimento é idêntico ao aplicado nos rios: bioestimulação de microrganismos que aceleram a despoluição.

No agronegócio, o sistema pode ser utilizado no descarte de material orgânico. Segundo o empresário, todo o processo é feito sem produtos químicos, assim como nos tanques utilizados na aquicultura, que possuem alta densidade de animais e carga orgânica.

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