Por luana.benedito

Rio - Nossas convidadas para o ensaio desta edição têm o astral solar e contagiaram a equipe com sua animação. Quem via Lourdes Ribeiro dos Santos, 82 anos, e Michele dos Anjos Freitas, 29, posando em nosso estúdio não imaginava as histórias de vida e superação por trás dos sorrisos para as lentes do fotógrafo Alexandre Brum.

Lourdes Ribeiro dos Santos%2C 82 anos%2C e Michele dos Anjos Freitas%2C 29 anos%2C tiveram uma história com o câncerFoto%3A Alexandre Brum / Agência O Dia

Tanto Lourdes quanto Michele tiveram diagnósticos de câncer de mama. E as duas concordam sobre o que fica dessa experiência: a conscientização em relação à prevenção, a importância de um diagnóstico precoce e a procura por tratamento adequado são fundamentais. Michele acrescenta: “Falar é preciso, sempre! Dentro e fora de campanhas. O ‘Outubro Rosa’(campanha de conscientização que alerta as mulheres e a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e acontece com mais intensidade no mês de outubro) é muito importante, mas precisamos falar de câncer de mama o ano todo. Falar, esclarecer as dúvidas, cura”.

Aline Coelho Gonçalves, médica oncologista do Américas Centro de Oncologia Integrado, acompanha as duas e alerta que este tipo de câncer é o mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo. “De acordo com o INCA, em 2016 foram aproximadamente 57.960 novos casos diagnosticados.Em 2013, aproximadamente 14.206 mulheres morreram de câncer de mama no país. Também pode acontecer nos homens, porém muito mais raro (em torno de 1%)”, esclarece.

A médica acrescenta que adotar hábitos saudáveis de vida se torna fundamental na prevenção, além do hábito da atenção ao próprio corpo. “O autoexame é importante, pois serve como sinal de alerta para a mulher procurar um mastologista se houver alguma alteração. Mas a mamografia é capaz de diagnosticar o câncer até mesmo antes de ter alterações no autoexame das mamas”, diz.

Lourdes Ribeiro dos Santos%2C 82 anos%2C e Michele dos Anjos Freitas%2C 29 anos%2C tiveram uma história com o câncerFoto%3A Alexandre Brum / Agência O Dia

Ela afirma ainda que o diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso no tratamento, e salienta que o fator emocional também influencia: “O câncer de mama está diretamente relacionado à autoestima, muitas mulheres a perdem após a cirurgia e a queda dos cabelos. É fundamental que durante o tratamento a mulher tente se adaptar às mudanças físicas e encontrar maneiras de se sentir confiante e bonita”.

Inspiradoras

Há 35 anos, Lourdes teve o primeiro diagnóstico, fez o tratamento e achava que esse episódio havia fi cado no passado. Mas, em 2014, teve novo diagnóstico de outro tipo de câncer de mama, passando por todo processo mais uma vez. “Na primeira e na segunda vez, só pensava: ‘Vou me curar!’”, diz. Hoje, após três anos do término da quimioterapia e da radioterapia, a professora de artes aposentada mantém a atitude positiva diante das adversidades. “Faço exames preventivos todo ano. Sabia que ia superar. Tenho muito para viver!”, afirma ela, que amou ‘o dia de modelo’.

Para a oncologista, Lourdes ensina as mulheres que, independentemente da idade, é possível lutar bravamente contra um câncer agressivo. Já Michele, casada há oito anos e sem filhos, recebeu seu diagnóstico há aproximadamente seis meses. “Ela enfrentou bravamente oito ciclos de quimioterapia e a cada consulta se mostra mais forte. É um exemplo que a beleza não é perdida com a queda dos cabelos ou com alguns quilinhos ganhos”, observa a médica.

Lourdes Ribeiro dos Santos%2C 82 anos%2C e Michele dos Anjos Freitas%2C 29 anos%2C tiveram uma história com o câncerFoto%3A Alexandre Brum / Agência O Dia

Michele sentiu um nódulo no seio ao tomar banho e procurou um mastologista imediatamente. “A medicina e a fé estão me curando. O câncer está me transformando em uma pessoa melhor. Quando você se vê de frente com a morte, só pensa no que vai fi car das relações com as pessoas”, reflete.

A carioca revela que a entrada dos turbantes em sua vida já estava programada. “Raspei os cabelos com a ajuda do meu marido. Aderi aos turbantes e cada vez que chego para uma sessão vou com um diferente. As enfermeiras fi cam loucas”, ri. Ela revela que fez mastectomia total em julho. “Perdi totalmente a mama esquerda. Vamos igualar a outra mama. Acho que em setembro encerramos o tratamento”. E planeja: “Meus sonhos incluem viajar e avaliar o que aconteceu. Parece que estou começando do zero e também tem um monte de possibilidades. Quero ten-tar ter um filho. Quem sabe já volto dessa viagem grávida?"

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