Rio - Logo no primeiro capítulo de ‘Amor à Vida’, Paloma (Paolla Oliveira) conhece Ninho (Juliano Cazarré) no Peru, se apaixona e larga tudo para cair na estrada com ele, Alejandra (Maria Maya) e Valentin (Marcelo Schmidt). Os jovens são mochileiros — turistas que organizam suas próprias viagens, que costumam ser longas e de baixo custo, muitas vezes com a programação a ser definida já na estrada. O nome vem do fato de que eles carregam toda a bagagem em uma única e grande mochila. E, assim como Ninho e seus amigos, são muitos os que optam por este estilo de viagem.
“(Eu e Ninho) Somos parecidos. Eu prezo muito minha liberdade, gosto de acampar, de natureza. O Ninho tem espírito livre e isso é uma opção de vida: ser pacífico, simples, viver com pouco, conhecer o mundo, conhecer gente”, conta Juliano Cazarré. “A Paloma passa a trama toda seguindo uma liberdade e foi isso que ela foi buscar no Peru”, diz Paolla.
Um perito na arte mochileira — também conhecida como ‘mochilão’ — é o engenheiro florestal Guilherme Canever, 36 anos, autor do livro ‘De Cape Town a Muscat — Uma Aventura pela África’. Após passar férias na Tailândia e no Camboja, em 2004, ele descobriu que era possível viajar pagando muito pouco. “O preço de uma cerveja aqui é o mesmo de um hotel na Índia”, exemplifica ele.
Quatro anos mais tarde, largou o emprego, se despediu da namorada e partiu para a África, sem previsão de retorno. “O mundo está se globalizando muito rápido. Percebi que os costumes e a cultura de vários países estavam se perdendo. Decidi, então, que tinha que chegar nos lugares antes dessa padronização mundial”, conta Guilherme. Em quase três anos, o engenheiro visitou mais de 50 países, em quatro continentes. O diário mantido por ele se tornou o livro.
Claro que nem tudo são flores. Os estudantes Mariana Goes, 23; Natália Ferraz, 23; e Bruno Ribeiro, 21, já tiveram percalços em suas viagens de ‘mochilão’. “Peguei a estrada para o Nordeste no improviso, dormi em casas de pessoas que conheci na viagem, em galpões, até em um pronto-socorro — que, aliás, foi a melhor cama que tive na jornada”, diverte-se Bruno. “O legal é desconstruir uma visão turística que temos. Às vezes, o local que você conhece pela televisão ou pelos filmes te decepciona, e outros que não são tão badalados surpreendem muito”, afirma Mariana, que viajou pela Europa e pela América do Sul.
Já o estudante Gabriel Faerstein, 21, enfrentou problemas mais sérios. Viajando sozinho pela América do Sul, teve infecção alimentar e quase despencou de um penhasco andando de bicicleta numa estrada. A redenção veio em Machu Picchu, no Peru, onde meditou. “Senti-me muito relacionado com os valores morais da cruz inca, calcados nos três princípios de ‘não mentir, não roubar e não ser ocioso’”, filosofa ele.
O analista de sistemas Pedro Ivo Dantas, 32, já usou muito o site Couch Surfing, de hospedagem gratuita, em suas viagens. “O principal é a vontade de ir, não importam as condições. Além disso, é essencial estar aberto às possibilidades que aparecerem”, diz ele, que fez ‘mochilão’ pela América do Sul, Europa Ocidental, Marrocos e Turquia.
A mochila é um item vital: ela vai te acompanhar a viagem inteira. É importante que ela seja, além de grande, resistente. As da marca alemã Deuter são as mais recomendadas por quem entende do assunto. É melhor pagar mais e ter uma que seja durável.
É essencial fazer seguro-saúde e levar kit de primeiros socorros, além de medicamentos específicos, se for o caso. É importante ter sempre à mão água potável. Alimentos fáceis de carregar e que não estraguem, como barras de cereal, também são boa pedida.
Mão na roda em sua viagem
O Couch Surfing é uma rede social para amantes de viagem, onde os usuários se dispoem a ajudar e até a hospedar os turistas em suas casas, tudo isso gratuitamente: www.couchsurfing.com.br
Grandes histórias
O estudante Gabriel Faerstein, 21 anos, posa em Machu Picchu, no Peru. O jovem, que viajou sozinho, superou uma infecção alimentar e quase despencou andando de bicicleta numa estrada, na Bolívia.
O analista de sistemas Pedro Ivo Dantas, 33 anos, faz um passeio de camelo durante mochilão que passou pelo Marrocos: ele é adepto do site de hospedagem Couch Surfing.