Rio - Os 30 anos da morte de Clara Nunes (1942 - 1983) ainda geram tributos à cantora mineira. Após Mariene de Castro, Fabiana Cozza (que gravou ao vivo o show ‘Canto sagrado’ no fim de semana, em São Paulo) e Valéria Oliveira, é a vez da baiana Carla Visi, cantora projetada como vocalista da banda Cheiro de Amor nos anos 90, revisitar o repertório da ‘Guerreira’. Visi lança o CD ‘Pura claridade — Um tributo a Clara Nunes’.
Produzido por Izaias Marcelo, o disco se diferencia dos demais tributos ao pôr o repertório de Clara nas vozes de cantores de pagode. Visi recebe Péricles (‘Canto das três raças’), Thiaguinho (‘Tristeza pé no chão’) e Xande de Pilares (‘Coração leviano’), além de Paula Fernandes. A música que une as vozes de Visi e da cantora sertaneja, aliás, estava esquecida. ‘Dia de esperança’ (Jorge Smera) é samba-canção lançado no irregular primeiro LP de Clara, de 1966.
Visi acerta ao reviver músicas da fase inicial de Clara, antes de a mineira aderir ao samba. Outro samba-canção, ‘Foi ele’ (Carlinhos Imperial), de 1969, também causa surpresa em repertório que também dá nova chance a ‘Tributo aos orixás’ (Mauro Duarte, Noca da Portela e Rubem Tavares), tema afro gravado por Clara em 1972. Mas, à medida que o disco avança, Visi se volta para os hits mais óbvios, com interpretações que sequer roçam o brilho das luminosas (e definitivas) gravações de Clara Nunes, imortal ser de luz.