Rio - Em trinta anos de carreira como músico, o baterista Miro de Melo viveu a lasqueira musical do movimento punk, o sucesso nas rádios dos anos 80, a sobrevivência no universo do rock brasileiro pós-anos 90 — e até hoje mantém as bandas que criou há duas décadas, a punk Lixomania e a roqueira 365, do hit ‘São Paulo’. Boa parte das histórias que acumulou está em ‘30 Anos De Rock’, livro escrito por Edson Luís Rosa (Ed. Sinergia, 86 pgs., R$ 20).
Miro lança o livro ao lado do autor nesta sexta-feira, às 18h, na Bienal do Livro, no estande da editora. E ainda traz o 365, com nova formação, para um show no Lapa Irish Pub no sábado.
“A ideia é que o livro tenha algo de motivacional para a molecada”, diz Miro, lembrando em especial da época dos dois acordes e das roupas rasgadas. “O movimento punk está dentro do contexto da música brasileira hoje. Essa coisa de ir para a garagem, de sair para protestar. Na época ainda estávamos no governo militar”.
Em ‘30 Anos de Rock’, Miro recorda períodos em que o Lixomania veio tocar no Rio — numa das vezes, com várias bandas punks, chegou a ter um show no Circo Voador aberto pelos iniciantes Lulu Santos e Paralamas do Sucesso (!), numa bizarra “noite punk”.
“A gente também tocou no Noites Cariocas (antiga casa do Morro da Urca) e chegamos a visitar, com o Clemente (Inocentes), o Ronald Biggs, que morava no Rio. Lembro que precisamos escalar o Morro da Urca para assistir aos outros shows porque não tínhamos ingressos”, diverte-se.
Com o 365, o músico viveu períodos em que vendia 80 mil cópias e conseguia até prestígio fora do Brasil. “Gravamos ‘Grândola, Vila Morena’ (canção portuguesa sobre a Revolução dos Cravos) e chegamos a aparecer na televisão em Portugal”, recorda.
Em outubro, sai ‘Destino’, novo disco do 365, com cinco canções novas e cinco ao vivo. Miro também tem outros lançamentos na manga: o DVD do show ‘O Fim do Mundo Em Si’ (gravado no ano passado em comemoração aos 30 anos do festival punk ‘O Começo Do Fim do Mundo’) e um CD do Lixomania, ambos em dezembro. Tudo independente.
“Com o tempo, fomos todos aprendendo que o melhor é saber direcionar o trabalho”, lembra ele, que com o 365 chegou a ir em programas como o 'Cassino do Chacrinha'. "Na época do sucesso, ninguém ficou rico, mas aprendemos bastante e conseguimos respeito".