Por daniela.lima

Rio - Novo cinquentão da praça, Marcos Palmeira diz que a indignação política e hipocrisia fazem seu coração vir à boca, como acontece com Cazuza de 'Saramandaia'. Solteiro, pensa em se casar outra vez.  

Marcos Palmeira diz que a indignação política faz seu coração vir à bocaDivulgação


!Você assistiu à novela exibida em 1976? Do que se lembra?

l Marcos Palmeira: Eu me lembro do Juca de Oliveira como Gibão, da Sonia Braga como Marcina, pegando fogo; da Dona Redonda... Sempre fui muito noveleiro. Isso me ajudou a decidir a fazer o papel do Cazuza. Foi muito tranquilo. A novela é uma releitura. E ficou muito atual, por causa do preconceito contra as diferenças, a velha política e a coincidência com as manifestações de rua pelo país.

! E o que achou dos jovens na rua?

l Antes da manifestações, falar de política era coisa careta, era ser contra o governo. Agora é legal discutir. É uma mudança de comportamento. Mas temos um ano de caminho até as eleições.

! Cazuza bota o coração pela boca quando fica nervoso. Como é isso?

l Ele não é muito feliz com a vida. Se fosse, não perderia a cabeça. O coração sai pela boca quando ele se sente ameaçado, vê as injustiças. Ele é ético, tem espírito democrático. Acho que é mais de direita, mas vislumbra a possibilidade de estar na rede da Marina Silva (risos).

! Essas cenas são complicadas?

l Tenho que imaginar o desespero dele. A computação gráfica faz o resto, aplica o coração. Tinha receio de como ficaria no ar. Minha preocupação era passar sentimento, deixar crível, por mais absurdo que pareça.

! E o que faz você sair do sério, botar o coração pela boca?

l A indignação com as questões políticas, a demagogia, a hipocrisia.Acredito na sustentabilidade, em outra forma de encarar o mundo, educação, saúde... Isso tudo me mobiliza muito.

! Você já fez muitos mocinhos em novelas. Mas, ultimamente, seus papéis fugiram desse estereótipo. O que aconteceu?

l Foi uma feliz coincidência. Pude trabalhar mais o humor com o Sandro, de ‘Cheias de Charme’. Agora, faço um personagem mais periférico. Sou um operário do meu trabalho, estou muito feliz com o rumo da minha carreira. Fiz o filme ‘Vendo ou Alugo’, com direção da Betse de Paula (irmã dele). Foi daí que veio a inspiração para fazer o Sandro.

! Você ainda é muito assediado pelas mulheres. Como lida com isso?

l Sou tranquilo com o assédio. Na microssérie ‘O Canto da Sereia’, o personagem tinha essa pegada mais viril. Meu ego fica feliz por agradar ao público feminino. Mas acho que os personagens são mais interessantes do que a gente.

! Está solteiro? Pensa em se casar novamente (ele foi casado com Amora Mautner, com quem teve Julia, de 5 anos)?

l Penso em formar uma nova família, me casar novamente, ter filho... Adoraria! Mas tem que deixar acontecer, e não deixar o coração na boca!

! Você fez 50 anos. O que ganhou com a maturidade?

l Uso a experiência a meu favor, procuro não repetir padrões. Estou feliz por estar trabalhando, por ainda ter espaço, ter uma família unida. Tenho muita saúde, não sou mais um cara de 25 anos, mas ainda jogo minhas peladas. Não posso reclamar da vida, não.

Você pode gostar