Rio - Eles desafiam os limites do corpo com movimentos rapidíssimos, toda a sorte de piruetas e coreografias totalmente anárquicas e engraçadas. Tudo ao som do bom e velho batidão carioca. Dirigido por Emilio Domingos, o documentário ‘Batalha do Passinho — Os Muleque São Sinistro’ desafia o preconceito sofrido, ainda hoje, pelo funk, gênero que pulsa há mais de 40 anos nas favelas cariocas.
Em 72 minutos, o filme consegue romper a barreira do estereótipo e mostrar ao público quem são e o que pensam os protagonistas dessa dança que saiu dos bailes e rodou o mundo inteiro através de vídeos que bombaram no YouTube — basta falar que um dos mais acessados, o ‘Passinho Foda’, já rompeu a marca das quatro milhões de visualizações.
São dançarinos como Cebolinha, Yuri Mister Passista, João Pedro, Pablinho, TK e Gambá. Sem se intimidar com as câmeras, os artistas conversam livremente sobre o cotidiano: falam sobre seus sonhos, relacionamentos amorosos e até abrem o jogo sobre vaidade. É justamente por ter este tom informal que a produção ganha fluidez e naturalidade.
Mas nem tudo são flores na vida dos garotos. O documentário mostra como foi dura a perda de Gualter Rocha, o Gambá, assassinado no Réveillon de 2012. Ele tinha apenas 22 anos. Um dos precursores da dança, Gambá, que deu depoimento para o documentário, foi campeão da primeira Batalha do Passinho. Seu estilo de dançar, original e divertido, inspirava-se em movimentos femininos. Não à toa, ficou conhecido como o Rei do Passinho.
Sem padecer a clichês, ‘A Batalha do Passinho — Os Muleque São Sinistro’ faz o merecido retrato de uma manifestação artística genuinamente carioca. Um filme obrigatório para quem conhece o passinho. Bem, se você ainda não conhece... procure saber!