Por tabata.uchoa

Rio - Embora tenha canções das quais criou melodia e letra, Vinicius de Moraes teve parcerias notórias em sua carreira. O cantor, compositor e poeta, celebrado em série de reportagens no DIA até sábado, quando se comemora o centenário de seu nascimento, gostava mesmo é de estar entre amigos. “A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”, já dizia ele no ‘Samba da Bênção’.

Com Tom Jobim, formou a dupla crucial para o surgimento da bossa nova. Mas também teve composições ao lado de Baden Powell, Chico Buarque, Carlos Lyra, Francis Hime, Pixinguinha, Ari Barroso e Toquinho — sua mais longeva e última parceria (Vinicius morreu enquanto os dois acertavam detalhes do disco infantil ‘A Arca de Noé 2’, em 9 de julho de 1980).

Vinicius de Moraes foi um homem que contabilizou diversas e inesquecíveis dobradinhas musicaisDivulgação

O Poetinha conheceu Tom em 1956, na Casa Vilarino (que funciona até hoje no mesmo endereço, no Centro). Foram apresentados pelo crítico e historiador Lúcio Rangel, que pensou que Tom poderia ser o parceiro que Vinicius buscava para musicar a peça ‘Orfeu da Conceição’, escrita por ele. O Maestro ouviu a explicação de Vinicius sobre o projeto e, por fim, disse: “Tem um dinheirinho nisso aí?”. Foi a primeira parceria da dupla crucial para o surgimento da bossa nova.

Disco histórico com Elizeth

Elizeth Cardoso apresentou Vinicius a outro importante parceiro, Baden Powell. Ela havia lançado o álbum ‘Canção do Amor Demais’, em 1958, com composições de Tom e Vinicius e com João Gilberto no violão, considerado o marco inicial da bossa nova. A parceria do Poetinha com o jovem violonista Baden Powell resultaria no álbum ‘Os Afro-Sambas’ (1966), com canções que uniam o samba à sonoridade do candomblé. “Ele ficou morando três meses na casa do Vinicius na época em que eles estavam compondo o disco”, conta Silvia Powell, viúva de Baden, morto em 2000.

Carlos Lyra e Vinicius iniciaram a dobradinha em 1960, e ela rendeu canções como ‘Minha Namorada’ e ‘Você e Eu’, entre outras. “Foi meu parceiro mais constante e mais importante”, explica Lyra. “Pela generosidade, pela cultura, pelo carinho, foi o melhor amigo que alguém pode ter”.

Vinicius de Moraes também foi parceria do lendário PixinguinhaReprodução


Vinicius era amigo do historiador Sergio Buarque de Hollanda. Assim conheceu Chico Buarque, filho de Sergio. Fizeram juntos ‘Valsinha’ e ‘Desalento’. “Nos acostumamos a ver o Vinicius lá em casa a vida inteira”, recorda a cantora Miucha, irmã de Chico.

Antônio Pecci Filho, o Toquinho, e Vinicius só haviam se falado uma vez. Até que o Poetinha convidou o jovem violonista para fazer uma série de shows com ele. Era 1969 e Vinicius estava então com 56 anos, e Toquinho, 23.

“Houve uma adaptação perfeita entre a gente, porque tudo que Vinicius gostava de fazer eu também gostava: tocar violão, curtir os temas que iam saindo, comer bem, viver a noite ao lado de amigos e mulheres bonitas”, conta Toquinho em seu site. A dobradinha rendeu mais de 120 músicas (entre elas, ‘Tarde em Itapoã’) e durou 11 anos, até poucos dias da morte de Vinicius — apenas três dias depois do aniversário de Toquinho.

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