Rio - ‘Serra Pelada’ é um filmaço. Escrito a quatro mãos pelo diretor Heitor Dhalia (de ‘O Cheiro do Ralo’ e ‘À Deriva’) e a roteirista Vera Egito, o filme, com investimento de R$ 10,5 milhões, não conta apenas a história da corrida ao ouro no Pará, na região conhecida como Serra Pelada, entre o final da década de 1970 e o início dos anos 80.
O garimpo a céu aberto é apenas o pano de fundo da relação de amizade entre Juliano (Juliano Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade), que saem de São Paulo em busca de ouro da região. Eles se juntam aos milhares de homens, que mais parecem formigas à cata de comida, com o objetivo de fazer fortuna. Os dois começam a se estranhar, no entanto, após conquistarem o tão sonhado poder. Enquanto Joaquim deseja voltar para os braços de sua mulher, grávida, Juliano é influenciado pela ganância e pelas regras impostas no local.
Há emoção, comédia, ação e drama em ‘Serra Pelada’. Tudo na medida, sem forçar a barra. As cenas do longa são misturadas a algumas imagens de arquivo dos anos 80. Nada que comprometa a evolução da trama. Ao contrário: o efeito chega até a confundir o espectador, que se pergunta: “Isso foi filmado ou é arquivo?”. Ponto para a direção de arte e a edição.
O elenco de ‘Serra Pelada’ merece aplausos. Sophie Charlotte, em sua estreia nos cinemas, se entrega totalmente à ex-prostituta Tereza. Sem nenhum pudor. As cenas de sexo com Cazarré são quentes e convencem o espectador. O protagonista, aliás, foi uma ótima escolha. Cazarré passa a inocência e a malícia necessárias a Juliano. Júlio Andrade (‘Gonzaga — de Pai pra Filho’) também se destaca. Wagner Moura é a cereja do bolo. Com seu irônico Lindo Rico, ele arranca gargalhadas do público, deixando o filme mais leve.
‘Serra Pelada’ tem tudo para se transformar em um fenômeno de bilheteria. Pelo menos merece.