Rio - A sorte parecia ter batido na porta da produtora Mariza Leão. Um argentino ‘muy amigo’ lhe ofereceu o seu transatlântico como set para um filme. O plano era rodar ‘Meu Passado me Condena’, baseado na série homônima do Multishow. A captação de verba foi rápida. Fábio Porchat, Miá Mello e todo o elenco estavam superempolgados com a ideia. Até que surpresa: o navio não estava mais disponível, tinha sido vendido. “Quase enfartei”, desabafa Mariza sobre uma das muitas confusões por trás da comédia romântica, que estreia na próxima sexta.
“Achava que aquilo ia acabar com a minha carreira de 40 anos”, conta a produtora de sucessos como ‘De Pernas Pro Ar’, que quase enlouqueceu até conseguir outro transatlântico. “Quando a Costa Cruzeiro topou, saí do escritório deles sem saber se tirava a roupa no meio da rua ou se tomava uns cinco chopes”. Mas ainda não era hora de comemorar: as confusões estavam apenas começando.
Um cruzeiro parecia o cenário perfeito para rodar a história em que Fábio e Miá (os personagens têm os mesmos nomes dos atores) se casam e vão curtir a lua de mel no navio. A paz estaria garantida se eles não encontrassem seus respectivos ex-amores por lá. Por falar nisso, paz foi algo que a equipe do longa só encontrou quando todas as cenas foram finalizadas.
Hiperativo, Porchat quase surtou, confinado no transatlântico por três semanas sem celular e internet. “Foi desesperador”, define o ator. Em Casa Blanca, no Marrocos, foram proibidos de filmar em uma mesquita. A última equipe que passou por lá fez um filme pornô no local, atiçando a ira dos marroquinos. Mais um problema foi arrumar figurantes em um cruzeiro onde 3.500 passageiros pagaram para relaxar e se divertir do Brasil até a Itália. O jeito foi seduzi-los a participar das cenas.
“Viramos uma atração local. Ouvia as pessoas conversando: ‘Você vai hoje ao bingo?’ e o outro respondia: ‘Não, vou fazer um filme!’”, diz Porchat. Miá Mello até ganhou um admirador entre os passageiros. “Um dia, estava sentada, descansando e de repente senti alguém tirando o meu sapato e fazendo massagem no meu pé”, conta a atriz às gargalhadas. “Era um irlandês que foi praticamente onipresente nas filmagens. Passou dias tentando me convencer a gravar uma cena dele cantando o hino da Irlanda”, completa a diretora Julia Resende.
Mesmo entre tantos contratempos, no fim da entrevista a equipe se olha, suspira e deixa claro que a experiência rendeu boas recordações. “Até casamento teve. O noivo era o diretor de fotografia Dante Belluti”, lembra Porchat. “O mais engraçado é que vários passageiros foram à cerimônia achando que era uma das cenas do filme”, emenda Miá, que mal vê a hora de estrear no telão.