Rio - Moreira da Silva ficou na história da música popular como o principal propagador do samba de breque. Contudo, a obra do cantor carioca extrapola o gênero do qual foi um dos pioneiros, como mostram as gravações raras reunidas na caixa ‘Moreira da Silva — Anos 50’, lançada este mês pelo selo Discobertas, do pesquisador Marcelo Fróes.
EXALTAÇÃO A CASTRO ALVES
A caixa traz três CDs. Um é a reedição de ‘O tal’, LP de 12 polegadas editado em 1955. Os outros dois CDs são compilações de fonogramas de discos de 78 rotações por minuto lançados por Moreira entre 1950 e 1955. São essas gravações — de tom animado que contrasta com a melancolia dos primeiros registros fonográficos do cantor (feitos nos anos 30) — que expõem outras faces da obra do artista.
Com 14 gravações até então obscuras, editadas entre 1950 e 1953, a primeira coletânea inclui tema de levada nordestina (‘Arraiá do Barnabé’), sambas de tom carnavalesco (caso de ‘Ele tem que voltar’) e tema que exalta o santo guerreiro São Jorge (‘Cavaleiro de Deus’).
Tão diversificada quanto a primeira, a segunda compilação, focada no período 1953 - 1955, reapresenta samba-exaltação em tributo a Castro Alves (‘Poeta dos negros’) e sambas, como ‘Na carreira do crime’, que antecipam em pelo menos 30 anos a temática dos ‘sambandidos’ gravados nos anos 80 pelo saudoso Bezerra da Silva. Pela raridade das faixas, a caixa é relíquia para colecionadores de discos.