Baile sem hora para acabar: 101 funks que você tem que ouvir antes de morrer
Livro recorda clássicos do funk e repassa mudanças no estilo
Por marlos.mendes
‘Em algum momento o Rio Parada Funk (evento anual do gênero, sediado na Apoteose em 2013) vai ser maior do que o Rock in Rio. Hoje, o funk é maior do que o rock!”, exclama o escritor Júlio Ludemir, que acaba de reunir clássicos do estilo no livro ‘101 Funks Que Você Tem Que Ouvir Antes de Morrer’ (Aeroplano Editora, 270 págs., R$ 30).
Criador de um verdadeiro sopro de renovação no estilo, a Batalha do Passinho, e da feira literária Flupp, Ludemir, 53, foi ao seu primeiro baile funk aos 40 anos, na Rocinha. “Descobri lá uma forma diferente de ouvir música, com aquelas caixas enormes”, recorda.
A gama de músicas em ‘101 Funks’ inclui de ‘Feira de Acari’, do MC Batata (“foi o primeiro grande hit e esteve em trilha de novela”, lembra), uma tonelada de clássicos do funk melody (como o ‘Rap do Pirão’, de MC Dieddy, e o ‘Rap do Silva’, de MC Bob Rum) e clássicos da retomada da década passada, com letras mais maliciosas (como ‘Cerol Na Mão’, do Bonde do Tigrão, e ‘Boladona’, de Tati Quebra-Barraco). Além do lado mais pop (Latino, MC Leozinho, Claudinho & Buchecha) e das lembranças de grandes divulgadores do batidão, como o DJ Grandmaster Raphael. Todas as músicas vêm com links do YouTube.
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Há também relatos do crime e das cadeias, como ‘Vida Bandida’, de MC Smith, e da vida cruel das favelas, como a criticada ‘O Retorno É de Jedi’, de Mr. Catra e G3. “Críticas sempre vão existir e, antigamente, Gilberto Gil e Caetano Veloso é que eram proibidões”, acredita Catra. Analisando as mudanças no estilo, Ludemir pinça hits de Menor do Chapa, como ‘Sou Patrão, Não Funcionário’. “Ele é um exemplo carioca do funk ostentação, estilo lá de São Paulo”, crê. Menor concorda. “Fui um dos primeiros a fazer isso, até antes desse título ser criado em São Paulo”, conta.
No livro, descobre-se onde foram parar certos MCs. “A maioria deles não consegue fazer carreira sólida. Têm um ou dois sucessos e quando caem no chão, é chão mesmo”, diz Ludemir. MC Colibri, da picante ‘Quer Bolete?”, chegou a ser preso por apologia ao crime. Nomes como Serginho (da dupla com Lacraia) e a bola da vez Naldo tiveram momentos de declínio. MC Batata, sucesso nos anos 80/90, ficou tão desiludido que nem queria que suas músicas aparecessem no livro de Ludemir.
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“Um caminho que muitos tomam é a retirada do ‘MC’ do nome, como acontece com Naldo e Anitta. É como se às vezes fosse interessante ser associado ao funk e, às vezes, não. Mesmo Latino e Fly, que foi do grupo You Can Dance, hoje nem têm nada a ver com o estilo”, relata.
O TOP 10 DE JULIO LUDEMIR Das 101 canções do livro, o escritor considera as dez abaixo como as mais representativas da história dos batidões.
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1. ‘Feira de Acari’, MC Batata 2. ‘Rap do Endereço dos Bailes’, MC Junior e MC Leonardo 3. ‘Rap das Armas’, MC Junior e MC Leonardo 4. ‘Rap do Silva’, MC Bob Rum 5. ‘Boladona’, Tati Quebra-Barraco 6. ‘Cerol Na Mão, Bonde do Tigrão 7. ‘A Conquista’, Claudinho & Buchecha 8. ‘Garota Nota Cem’, MC Marcinho 9. ‘Rap da Diferença’, MC Marquinhos e MC Dollores 10. ‘Rap da Felicidade’, MC Cidinho e MC Doca