Por tabata.uchoa
Rio - “Com três tapinhas, nós fazemos um Carnaval / Não tem Lei Seca que segure o pessoal”, canta Jota Canalha (pseudônimo do compositor e músico Henrique Cazes) na ‘Marcha da maconha’. Embora seja irresponsável por fazer a apologia da droga, a marchinha é exemplo da irreverência e da politização de algumas músicas compostas para o Carnaval de 2014.
Com lançamento agendado para quinta-feira, na Fundição Progresso, o CD ‘As melhores marchinhas do Carnaval 2014’ reúne as dez composições finalistas da 9ª edição do concurso anual organizado pela Fundição em âmbito nacional. Uma é justamente a ‘Marcha da maconha’. Outra marchinha — ‘Menina black bloc’, composta e interpretada por Oswaldo G. Pereira — também segue a tendência de brincar com os temas políticos e polêmicos. Tendência, aliás, que existe desde que o samba é samba.
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Da safra 2014, duas marchas — ‘Colorindo a praça’ (de e com Edu Krieger), gravada em clima de frevo, e ‘É hoje’ (de e com Pedro Holanda) — abrem mão de temas do momento para exaltar a própria folia e o ato de brincar o Carnaval. ‘É hoje’, em especial, se destaca no disco, inclusive por embutir certa melancolia na celebração do Carnaval.
Se ‘Lenço de cetim’ (de e com Felipe Guaraná) tem ingênua malícia de tempo ido, ‘Aplicando na poupança’, de Rafael Júnior, recorre ao velho duplo sentido em versos como ‘Abre a poupança, meu amor / Que eu vou fazer a aplicação / Eu sou um bom investidor / E sei que o meu negócio vai crescer na sua mão’.
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O fato de os compositores serem quase sempre os intérpretes das marchinhas tira um pouco o brilho das músicas, já que a maioria não tem vocação para o canto. Mas vale ouvir o CD, de capa inspirada na capa de LP lançado em 1956 pela cantora Marlene, homenageada do ano.