Por daniela.lima
Rodrigo Barros prefere saias em tons neutros: ‘Tenho seis no armário’Estefan Radovicz / Agência O Dia

Rio - Aos 57 anos, o arquiteto e artista plástico Flávio de Carvalho atravessou o centro de São Paulo, durante a procissão de Corpus Christi, vestindo um saiote. Batizada de Traje de Verão, a roupa era parte de uma performance, batizada de ‘Experiência nº 2’. O ano era 1956 e ele por pouco não foi linchado. Quase seis décadas separam Flávio do ilustrador André Amaral Silva, que, esta semana, causou frisson ao se rebelar, vestir uma saia e ir trabalhar, para enfrentar o calor.

Na lista, entre Carvalho e Amaral, ainda cabem muitos. Em 1993, Caetano Veloso usou um sarongue no Prêmio Sharp e ganhou capa de todas as publicações da época. Gilberto Gil foi outro visto no palco de saiote. O badalado estilista Marc Jacobs frequentemente é visto usando kilts. O ator Sean Connery promove um evento em que amigos e estilistas se unem para reforçar a tradição da saia escocesa. E a história conta: o homem usou saia da Antiguidade até a Revolução Francesa, no final do século 18.

Para o produtor de moda Rodrigo Barros, de 32 anos, a saia é apenas mais um item no seu guarda-roupa. Ao todo, ele tem seis modelos, que usa tanto para sair à noite quanto para trabalhar. “Vesti saia pela primeira vez no final dos anos 90 e, de lá para cá, nunca mais parei. Nos anos 2000, usei com menos frequência. Mas, agora, tenho adotado direto”, diz.

Para Rodrigo, não se trata só de moda. “Visto por estilo e pelo conforto que traz. E recomendo para todo homem, pois é uma sensação muito gostosa o vento entrando pelas pernas.” O produtor prefere saias com cores neutras para poder brincar com a questão do masculino e feminino. “Vivemos em uma cidade muito quente. É tudo muito incoerente. Temos que parar de adotar as referências de fora e olhar para dentro. Acho que o garoto que colocou saia para trabalhar (Amaral) quis fazer isso. Foi uma atitude contra a parcela careta e hipócrita da sociedade”, afirma.

O estilista Beto Neves já criou uma coleção de bermudas para homens que, parados, pareciam estar de saia. Embora nunca tenha vestido uma, Beto acredita que essa moda vai pegar em algum momento. “Tem a ver com a cidade em que vivemos. O Rio é muito quente e a saia, realmente, traz mais liberdade e praticidade. É também uma quebra de paradigmas”, avalia o estilista.

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