Por tabata.uchoa
Giselle conhece o sacolé de caipirinha Chupa Neném%2C de LucianoDivulgação

Rio - ‘No subúrbio, a festa é no improviso. E a Zona Sul está aprendendo a ser assim!”, resume o DJ de funk Sany Pitbull. Velhos hábitos da Zona Norte e Zona Oeste, como as festas ‘na laje’ — ou seja, terraços de prédios (com direito a piscininha de plástico e mangueira para refrescar a galera), os sacolés vendidos na rua e os isopores lotados de bebida (e até lanchinhos) caíram nas graças do pessoal que vive do lado de lá do túnel Rebouças.

“Outro dia soube que tem até gente alugando piscina de plástico para festas. Paguei menos de R$ 50 nessa aqui. Tive 100% de retorno, né?”, brinca a tradutora Antonia de Thuin, mostrando o modelo infantil que fez a alegria dos convidados de seu aniversário, no terraço de seu prédio, em Laranjeiras. “Alguns amigos meus demoraram para se soltar, mas viram a galera usando biquíni e sunga e entraram na animação. Deu uma sensação de que estávamos na laje, mesmo”, diz.

Festas como a Picolé, que rolou recentemente no Circo Voador, e eventos como O Cluster, que acontece no Solar das Palmeiras, em Botafogo (mercado com moda, música e design), já adotaram as piscininhas e as mangueiras, tão comuns nas ruas de bairros como Marechal Hermes e Bangu. “Nosso último evento foi num domingo e fez muito calor, daí adotamos as piscinas, para que ninguém deixasse de vir para ir à praia. E, como está perto do Carnaval, trouxemos um bloco. A água da piscina e das mangueiras só aumentou a alegria e deu um clima de festa no quintal”, conta a produtora Carolina Herszenhut, prometendo mais piscinas para a próxima edição, dia 30 de março.

A festa é também nas ruas, com os ‘isoporzaços’ que já tomaram conta de espaços ao ar livre como a Praça São Salvador e a Pedra do Leme, para protestar de forma divertida contra os altos preços dos bares. “Via gente fazendo isso na praia, mas na rua é novidade”, diz a produtora Anelise Leite, uma das realizadoras do ‘Isoporzinho do Leme’, que aconteceu em 31 de janeiro na praia. Ela já está pensando nos próximos encontros, mas sempre com bastante cuidado com os espaços públicos. “Todos os participantes juntaram seus lixos e depositaram num contentor que estava no calçadão”, frisa outra organizadora, Deborah Turturro.

Nos blocos, uma das grandes manias do subúrbio — o sacolé — ressurge, mas misturado com cachaça ou vodca. É comum ver à venda o Chupa Neném, de caipirinha, grande diversão nos ensaios da Orquestra Voadora. Quem toca o negócio é o designer Luciano Barros. “Em quatro horas de bloco, vendo uns dois mil sacolés. O sacolé virou mania mesmo, até por não dar vontade de ir ao banheiro”, afirma ele, mostrando seu produto no Posto 9, em Ipanema. A professora Giselle Oliveira, que já havia comprado sacolés para uma festa de amigos, adorou o de Luciano. “No verão, não tem nada melhor”, elogia.

O DJ Sany Pitbull anima-se com as novas tendências. “Isso começou quando o funk invadiu as festas da Zona Sul, né? Foi primeiro pela música e depois pelo comportamento”, diz o DJ, anunciando que a via é de mão-dupla. “Fui num casamento à beira da piscina em Nova Iguaçu outro dia e distribuíram Biscoito Globo e mate para todo mundo, como se fosse na praia.”

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