Por tabata.uchoa
Estreia em livro de Fabiana Karla traz texto rimado%2C inspirado em literatura de cordel%2C e ilustrações que se referem ao Carnaval de RecifeDivulgação

Rio - Fabiana Karla, a Perséfone da recém-terminada novela ‘Amor À Vida’, sempre teve um grande público infantil. Que ela, mãe de três filhos (Beatriz, Laura e Samuel), acreditava estar deixando de lado.

“É uma herança que tenho do ‘Zorra Total’. Toda vez que ando na rua, tem uma mãe levando o filho para pedir autógrafo. Eu queria fazer uma peça infantil, mas estava sem tempo”, lamenta. O clique de que deveria fazer algo voltado para as crianças veio após participar de ‘Par Ou Ímpar’, CD infantil da dupla Kleiton & Kledir, na música ‘Trova do Guri e da Guria’. Foi aí que nasceu o primeiro livro da atriz, o infantil ‘O Rapto do Galo’ (Ed. Rocco, 32 págs., R$ 39,50).

“Estava numa fase bem voltada para isso. Depois, conversando com um primo que é cineasta, ouvi dele a sugestão de fazer um livro infantil que falasse da minha infância, do Galo da Madrugada, que é um dos blocos mais tradicionais do Recife. Eu sempre gostei de ler desde criança e as minhas melhores viagens foram para dentro do universo de livros. Sempre li muito Monteiro Lobato e Mauricio de Sousa. Tudo isso me abriu muitas gavetas”, diz Fabiana.

Ela nasceu em Pernambuco há 38 anos e escreveu todo o livro justamente durante uma viagem de avião para sua terra natal. Na infância, brincou muito no Galo. “O bloco tem um galo enorme que abre o desfile. Sem ele, não tem Carnaval. Minha ideia era deixar algo para as crianças que falasse de um pedacinho da minha cultura”, conta.

Em ‘O Rapto do Galo’, o sumiço do boneco faz com que o Carnaval seja suspenso. No decorrer da história, surgem lugares conhecidos da folia, como a Ponte Duarte Coelho e personagens como os Bonecos de Olinda, os caboclos de lança, os cirandeiros e o Papa-Figo — uma criatura que come os fígados das crianças e que é uma lenda aterrorizante em Pernambuco. “Mas coloquei isso no texto de modo que não assustasse os leitores”, esclarece Fabiana.

As ilustrações, feitas pela olindense Rosinha Campos — ganhadora de vários prêmios Jabuti com ilustrações de livros infantis —, e a estrutura do livro o deixam parecido com um cordel, repleto de xilogravuras e versos rimados. “A Rosinha foi uma escolha da editora. Quando vi que era outra pernambucana e que ela conhecia de Carnaval como ninguém, adorei. Nem queria me atrever a fazer um cordel, mas optei por fazer tudo com rimas”, lembra Fabiana.

A primeira pessoa a ler, ou melhor, a ouvir todo o livro foi a escritora Thalita Rebouças. “Pensei: se ela gostar, vai dar certo. E ela foi extremamente generosa”, conta a atriz. “A Fabiana me ligou e leu todo o livro para mim no telefone mesmo. Quando ele terminou, eu já estava chorando de tanto que me emocionei com a história”, lembra Thalita, que intermediou a publicação de ‘O Rapto do Galo’ com a editora Rocco. “Toda a delicadeza que ela tem na hora de atuar, ela levou para o livro.”

Um livro, três filhos, nove meses de trabalho pesado em ‘Amor À Vida’ e ainda por cima o ‘Zorra Total’, que Fabiana não largou. Por sinal, ela diz ter sentido um nó na garganta com o fim de ‘Amor À Vida’. “A Perséfone foi especial para mim. E foi veículo de muitos temas importantes, como o bullying e as modelos plus-size. Nem sabia que eu tinha tantas emoções para emprestar para ela”.

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