Por julia.sorella

Rio - Inicialmente, ‘A Ascensão do Império’ se chamaria ‘Xerxes’ e levaria Rodrigo Santoro a interpretar o seu primeiro protagonista fora do Brasil. Mas não foi o que aconteceu. Os planos da distribuidora Warner para o filme, que estreia por aqui em 7 de março, mudaram. O roteiro e o nome do longa-metragem americano também foram trocados e o ator perdeu o posto para a francesa Eva Green. Mesmo assim, ele jura não ter sofrido — mas, é claro, adoraria se os planos iniciais do projeto tivessem sido mantidos.

“Acho que a ideia original era que a sequência fosse baseada na ‘graphic novel’ de Frank Miller. Mas ela nunca saiu! Como a Warner tinha os direitos e queria dar continuidade a isso, eles escreveram um argumento novo”, conta Santoro, referindo-se à origem dos filmes, inspirados na série de histórias em quadrinhos de Miller em que Xerxes deixa de ser mortal para ser deus.

Rodrigo Santoro como XerxesDivulgação

“Nunca cheguei a ver a história de como seria com Xerxes como o protagonista. Mas adoraria ter visto isso”, diz ele, que garante: “Não passou pela minha cabeça: ‘Putz, perdi a chance de ser um protagonista em Hollywood’. O personagem ainda era interessante para mim.” Na trama, a origem do imperador persa é revelada e, após a morte de seu pai, ele inicia um plano de vingança liderado por Artemisia (Eva Green) contra os gregos e o exército espartano.

Ainda que interessante, Xerxes foi trabalhoso para Santoro. Para revivê-lo, ele precisou se dedicar ainda mais do que da primeira vez que o interpretou, em 2007, para as filmagens de ‘300’. Além de ficar careca, enfrentou quatro horas e meia para fazer a maquiagem e mais duas para tirá-la, diariamente, por um mês. Encarou uma maratona de exercícios físicos e uma dieta rígida para ganhar o peso e a massa muscular do imperador persa. “Tinha acabado de fazer ‘Heleno’ e tinha perdido muito peso! Tive quatro meses para voltar ao meu peso normal, que é 80 kg”, diz o ator, ressaltando que a ajuda de nutricionistas e um preparador físico foram imprescindíveis.

Rodrigo Santoro como XerxesDivulgação

Com os músculos nos padrões de Xerxes, era hora de se tornar um verdadeiro persa — sem nenhum pelo. Ele raspou a cabeça e o resto do corpo. Depilação a cera estava fora de questão. “Isso eu deixo para as mulheres! Cheguei a tentar da primeira vez, em ‘300’, mas choraaava de dor”, confessa. Mas o mais desgastante foi o processo de maquiagem. “Dessa vez, eu tinha dois profissionais trabalhando simultaneamente e o tempo baixou de seis para quatro horas e meia, todo santo dia. Depois, eram mais duas para tirar tudo”, relembra Santoro, que chegava no set às 4h da manhã para se preparar. “Não tinha ninguém lá, além dos maquiadores. Aí, às 8h as pessoas começavam a aparecer, já de cafezinho tomado”, diz ele, que dá um suspiro e desabafa: “Quando lembrava da maquiagem, ficava cansado só de pensar em passar por tudo aquilo de novo.”

Na hora em que o diretor Noam Murro gritava ‘ação’ no set, só restava a Santoro exercitar toda a sua criatividade. “Para interpretar em uma sala com chroma key, você não usa referência nenhuma além da imaginação”, justifica o ator, que diverte-se ao lembrar desses momentos. “Por exemplo: em uma cena, falam de uma ponte, eu olho para a frente e não vejo nada. Colocavam uma fita crepe como referência em algum lugar e eu sabia que ali era a tal ponte e para lá eu ia”, conta aos risos.

Rodrigo Santoro como XerxesDivulgação

Por fim, o ator faz um balanço e analisa o fato de não ter sido o protagonista de ‘300 — A Ascensão do Império’. “Se você olhar pelo lado comercial, uma história que tenha mais personagens tem um cunho mais comercial. Acho que isso foi levado em consideração no fim das contas”, justifica Santoro que, completando duas décadas de ofício, conclui: “‘300’ foi um divisor de águas na minha carreira. Não vou dizer que mudou a minha vida, mas me trouxe muitas oportunidades.”

A prova disso é a agenda do ator, que vive lotada desde então. No momento, ele filma ‘The 33’, no Chile, onde vai contracenar com Antonio Banderas na história sobre os mineiros que ficaram 69 dias presos em uma mina de cobre, em 2010. Fora isso, estreia em mais quatro filmes só este ano e já tem outro previsto para o próximo. ‘Focus’, comédia que também conta com Will Smith no elenco, ficou para 2015. Após ‘300 — A Ascensão do Império’, estreiam ‘Rio 2’, em 28 de março; ‘Pelé’, ‘Rio Eu Te Amo’ e ‘Jane Got a Gun’, ainda sem datas de lançamento definidas.

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