Por daniela.lima

Rio - A proposta do diretor José Eduardo Belmonte era que Cauã Reymond interpretasse um policial no filme ‘Alemão’. Mas o outro lado interessava muito mais ao ator. Ele queria mesmo era ser o mau da história, como Cauã mesmo define. É assim que o público vai vê-lo nos cinemas a partir de amanhã, quando estreia na pele de Playboy — chefão do tráfico do complexo de favelas que dá nome ao longa. 

Com visual diferente%2C Cauã vive um policial na série ‘O Caçador’%2C que estreia em abrilDivulgação


Após somar vários galãs em seu currículo e conquistar quase todo o elenco feminino da minissérie ‘Amores Roubados’, Cauã decidiu inovar. “Espero que o meu trabalho em ‘Alemão’ me abra portas para tipos de papéis que ainda não tive a oportunidade de fazer”, revela o ator, que se diz à procura do novo. Para isso, ele rodou o Alemão e o Vidigal, conversou com pessoas que já foram do tráfico, policiais, e foi sacando a realidade de cada um, as gírias, a rotina do morro. Misturou tudo, bateu no liquidificador, pôs no forno e, dessa receita, nasceu Playboy.

Na trama, é ele quem mobiliza todo o tráfico do Alemão em uma caçada a cinco policiais infiltrados na comunidade. Tudo em meio à tensão que antecede à ocupação do local, que resultará na instalação da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora). Com Cauã, foram apenas dois dias e meio de filmagem dos 18 dias de trabalho no local. Mas o ator garante que sua pesquisa para dar vida ao bandido foi intensa.“Ouvi muito funk proibidão que o MC Smith (que também faz parte do elenco, como um dos traficantes) me apresentou. Prestei atenção na forma como o pessoal fala e tirei algumas frases para o Playboy daí, como: ‘Eu não sou bandido, eu sou criminoso’”. 

Os policiais da trama%3A Caio Blat%2C Gabriel Braga Nunes%2C Otávio Müller e Milhem CortazDivulgação


Em um dia de laboratório, até o jogador de futebol Adriano ele encontrou pelos cantos do Alemão, jogando baralho com um grupo de amigos. Os moradores o acolheram junto à equipe de filmagem, ofereceram suas casas como camarim e logo todos se sentiram locais. “Fui muito bem recebido. Uma aparecia com um pedaço de bolo, aí tirava foto com o pessoal e, quando vi, já estava jogando videogame na casa de alguém”, lembra-se.

Outra inspiração foi o Nem, antigo chefe do tráfico da Rocinha. Cauã se surpreendeu com a história de como ele se tornou o dono da maior favela da América Latina, após oferecer serviços de contabilidade para o tráfico em troca de dinheiro para pagar o tratamento do filho doente. “Isso me ajudou muito a humanizar o meu personagem”, confessa.

Aliás, por falar em ajuda, Playboy foi bom não só para diversificar o currículo de Cauã, mas também para complementar o seu futuro trabalho na TV. Em abril, ele será visto do lado oposto do crime e interpretará um policial na série ‘O Caçador’, da Globo. “O convite veio logo após ‘Avenida Brasil’, e só depois surgiu o ‘Alemão’. Pedi para fazer o bandido, pois queria sair do lugar do herói”, diz ele, que avalia os dois papéis como opostos, mas complementares.

Assim como no filme, na série ele é durão e tem sempre uma arma ao seu alcance. Em ‘O Caçador’, ele contou com a ajuda da Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil (Core) para aprender a atirar. “Foi divertido, voltei a ser um menino nas aulas de tiro”, comenta, empolgado. 


Um dia, bandido; outro, policial. Cauã quer tudo que o desafie. E não só na frente das câmeras. Ele vem se aventurando em outras áreas e assina como coprodutor associado de ‘Alemão’, o que também faz em ‘Tim Maia’, longa que estreia no segundo semestre e traz o ator como amigo do Síndico. “A produção se divide em várias camadas e fico mais com a artística”, comenta ele, ressaltando que curte pensar no diretor que se dá bem com cada ator, em quem deve chamar para escrever o roteiro etc.

“Estou com vários projetos muito legais em termos de produção de cinema. Tenho feito as coisas que eu gosto e estou supersatisfeito!”, avalia ele, que já torce pelo sucesso de ‘Alemão’, para que possa voltar a viver o traficante em uma possível sequência.

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