Por helio.almeida

Rio - À primeira vista, o título do disco duplo ora lançado por Jair Rodrigues, ‘Samba mesmo’, parece ser recado para pagodeiros que nunca acertaram a cadência bonita do samba. Mas não é. O título surgiu pelo fato de, no estúdio, o cantor paulista sempre repetir a frase ‘Essa é samba mesmo’ quando o produtor do projeto, Jair Oliveira (filho do artista), lhe sugeria gravar uma música.

Jair Rodrigues lança o disco duplo ‘Samba mesmo’%2C editado pela gravadora Som Livre em dois volumes vendidos separadamente nas lojasDivulgação

Não, nem todas são samba mesmo. Mas todas são inéditas na voz do artista. Das 26 músicas do disco, editado pela Som Livre em dois volumes vendidos de forma avulsa, há hits de Roberto Carlos (‘Como é grande o meu amor por você’, 1967) e Dominguinhos (1941 - 2013) (‘De volta pro aconchego’, de 1985) que são revividos por Jair no volume 2 em cadência que remete ao samba-canção, gênero recorrente nos dois discos gravados em 2013.

Aos 75 anos, completados em fevereiro, o cantor paulista pinta sua ‘aquarela do Brasil’ sem os tons esfuziantes dos tempos áureos. Mesmo que o disco geralmente apresente regravações feitas nos limites da correção, sem dar colorido adicional aos temas, há bons momentos. A intepretação ‘a capella’ de ‘Eu não existo sem você’ (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1958), feita em homenagem ao cantor paulista Agostinho dos Santos (1932 - 1973), é um deles.

‘Samba mesmo’ apresenta três inéditas em repertório que, mesmo novo na voz de Jair, é velho, reabrindo a cortina do passado com arranjos de Swami Jr. e Paulo Dáfilin. Há inéditas de Martinho da Vila (‘Todos os sentidos’) e Roque Ferreira (‘Se você deixar’). ‘Força da natureza’, samba feito por Jair em 1974 com Carlos Odilon e Orlando Marques, completa o trio de inéditas do disco, gravado de olho no retrovisor.

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